Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



sábado, 21 de junho de 2008

Nádí shôdhana e suas propriedades



Não é por acaso que este é considerado um dos principais respiratórios do repertório yôgi. Entendamos como a respiração alternada contribui para que o praticante melhore dois dos mais importantes processos para alcançar a meta do Yôga:

1) Estabilização da consciência;

2) Ampliação da energia sexual.

Para evoluir no samyama, técnica que engloba dháraná, dhyána e samádhi, é necessário que o sádhaka aprenda a aquietar seus pensamentos, focando-se em um único ponto. O nadí shôdhana contribui para isto, pois ao fazer inspirações e expirações lentas, conforme a descrição do exercício sugere, o praticante começará a estabilizar suas emoções e posteriormente reduzirá suas dispersões mentais. O meu monitor Charles Maciel, sempre brinca com o gesto característico do nadí shôdhana, quando alguém fica nervoso ou está agitado demais. Se além da respiração lenta associarmos um ritmo, potencializaremos a concentração. O ser humano é arrítmico por natureza e por isso, tem tanta dificuldade de permanecer focado em qualquer coisa que faça por muito tempo. Respiramos de maneira instável, nos movimentamos o tempo todo e se não somos treinados, não conseguimos nem mesmo batucar o ritmo de uma música simples até o final dela. Quando passamos a manter um tempo pré-determinado em cada fase da respiração, rompemos com essa tendência dispersiva e passamos a cadenciar nosso tempo biológico, o que contribui e muito para a estabilidade mental.

Com relação à ampliação da energia sexual, vale a pena ressaltar que o primeiro granthi, brahmá granthi, válvula de proteção que mantém a energia da kundaliní retida no múládhára chakra é relacionado ao corpo físico, tanto o denso como o energético. Somente quando este corpo encontra-se em perfeito funcionamento é que a válvula abre permitindo que a kundaliní seus primeiros passos pelo canal central, sushumná nadí, desenvolvendo os chakras e as potencialidades humanas. Mas para que isso aconteça, é necessário que os meridianos por onde toda a energia biológica irá percorrer dentro de nós estejam totalmente limpos. O próprio nome do respiratório, nadí shôdhana, indica uma atuação neste sentido, uma vez que shôdhana se traduz por purificação. Também contribui para a ampliação da energia sexual a mentalização que normalmente é feita neste pránáyáma, na qual direcionamos o prána captado através de ida e pingalá - dois dos principais meridianos de energia do nosso corpoaté à base da coluna. Ao conduzirmos o prána para , estamos levando o alimento da kundaliní, aumentando a pressão na caldeira de energia que se situa nessa região, favorecendo a ascensão da energia ígnea pelo canal central, sushumná, até o sahásrara chakra, eclodindo numa experiência meditativa.

O nadí shôdhana sozinho não é capaz de conduzir o praticante à meta do Yôga, mas executado dentro da prática ortodoxa do SwáSthya Yôga desenvolverá os dois processos essenciais que citamos no início do texto: a supressão da instabilidade da consciência e a ampliação da energia sexual. A estabilidade será imprescindível para que se atinja o estado de dhyána, mas este evoluirá até o samádhi se a kundaliní estiver bem desenvolvida.

Estes dois trabalhos simultâneos seriam suficientes para nos dedicarmos com muito afinco a este respiratório, mas ele vai além disso. Ao alternarmos as narinas, sempre com os pulmões cheios e jamais com os pulmões vazios, conforme nos ensina o Mestre DeRose no CD da Prática Básica, estamos desenvolvendo as duas polaridades que possuímos; a masculina e a feminina, o emocional e o mental, a sensibilidade e a agressividade, fazendo com que depois de anos de prática, ampliemos nossa consciência para além do mundo do julgamento, do certo e errado, do claro e escuro. Somente quando sairmos da parcialidade poderemos vivenciar nosso verdadeiro Eu, uma vez que o púrusha não julga, ele simplesmente É.



2 comentários:

  1. nossa muito bom. Gostei demais do seu jeito fluido de dizer. Parabéns. Beijos Carol Montone praticante e uma das mais recentes yoginis da unidade Flamboyant

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