Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SwáSthya Yôga x Stress



Muitas pessoas têm a idéia de que o Yôga é algo relaxante, para acalmar. Mas se procurarmos esta palavra nos textos antigos hindus, iremos encontrá-la sempre associada a três idéias: força, poder e energia. Uma prova disso é justamente a relação entre Yôga, mais precisamente o SwáSthya Yôga, e o stress. Então como os dois se relacionam? Primeiro, vamos entender o que é stress:

Imagine, há muito tempo atrás, ainda na idade da pedra, um dos nossos queridos antepassados andando em meio a uma floresta. Durante esta caminhada, ele se depara com um tigre, situação de perigo que gera stress. Ocorre então uma série de reações fisiológicas, injeção de adrenalina, aumento dos batimentos cardíacos, etc... que geram uma grande quantidade de energia possibilitando-o a executar ações aparentemente impossíveis, como correr mais rápido que um tigre para fugir dele. Mas gerar essa energia em tão pouco tempo tem o seu preço, o desgaste do corpo. No caso do homem das cavernas, o encontro com o tigre (o stress), era um evento esporádico, o que possibilitava tempo suficiente para ele descansar e se recuperar. Só que isso não ocorre atualmente. Todos os dias nos deparamos com vários "tigres", como excesso de trabalho, projetos atrasados, metas a cumprir e outros, e assim vamos acumulando saltos de energia que vão desgastando o nosso corpo. O acúmulo deste desgaste, ou acúmulo de stress, acaba resultando em dores de cabeça, pressão alta, cansaço, dores, etc...

Uma das etapas do Método DeRose de Yôga, é o ashtánga sádhana, uma prática extremamente completa composta por oito feixes de técnicas que tem como objetivo reforçar a estrutura biológica do praticante promovendo um significativo acréscimo de energia. Ao longo das aulas o aluno vai aumentando, de forma gradativa e assimilável, sua vitalidade e disposição, e quando se depara com uma situação de stress, o desgaste é menor pois o seu nível energético está mais elevado. Assim, conforme o aluno for praticando e elevando o seu nível energético, a quantidade de energia gerada para suportar o stress será cada vez menor, necessitando de menos descanso. Então, como o SwáSthya Yôga atua no stress? Acalmando? Não, pelo contrário, energizando.


Marcelo Hirota



quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O “barato” de se estar lúcido



Desde que iniciei minhas práticas de SwáSthya Yôga, meus hábitos de vida mudaram. Aos poucos fui inserindo algumas rotinas mais saudáveis e outras modificando. Tanto estas conquistas quanto as mudanças realizadas não ocorreram por pura e simples necessidade, mas ao contrário, desde que travei contato com uma nova filosofia de vida, meu conhecimento expandiu-se e conseqüentemente o mesmo aconteceu com meu leque de escolhas. Sabendo o que queria, foi simples operar tais mudanças. Para qualquer pessoa o primeiro passo para que algo novo e surpreendente aconteça é abrir-se para novas possibilidades e permitir-se escolher outro caminho.

Quando parei de consumir bebidas alcoólicas (um hábito social que possuía), praticamente todos os meus amigos me disseram: “Você enlouqueceu, como assim, nem uma cervejinha mais?” No começo, realmente foi um pouco difícil imaginar-me saindo com meus amigos e não mais camuflando minha lucidez com um pouco de álcool. Porém hoje, ao me imaginar passando por uma dificuldade como esta, me custa algumas boas risadas. Ao mudar este hábito, não deixei de me divertir como fazia antigamente, pelo contrário, hoje me divirto muito mais, pois estando lúcida, vivencio mais e melhor as situações. É impressionante! Ao mudar um detalhe em minha vida, automaticamente outras semelhantes ocorreram naturalmente.

Outra mudança significativa foi quando optei por deixar de ingerir carnes e tornar-me vegetariana. De início, a minha decisão foi por uma razão egóica, que acredito que aconteça com a maioria das pessoas. Quando minhas práticas de Yôga deixaram de ser corriqueiras e meus objetivos quanto à isso mudaram, me abstive de carnes. Minha principal razão era não querer mais que meu corpo recebesse alimentos “mortos”, resultante de dor e sofrimento, sem energia. Ingerindo carnes de animais, não conseguiria evoluir no Yôga.

Quando fiz a escolha de parar com este hábito, comecei a me informar mais sobre o assunto, e a minha razão primeira e única, deu espaço a novas razões e a minha escolha manteu-se agora por motivos macros, interpessoais, de colaboração não apenas comigo, mas com meus semelhantes, minha sociedade e meu mundo. Novamente uma prova de que ao nos permitir ir por um outro caminho, nos permitimos expandir nosso conhecimento, ver de outra forma e no mínimo conhecer algo novo.

Meu instrutor Fábio Euksuzian sempre diz: “É mais fácil escolher algo quando se tem menos opções, assim como ao entrar em um estacionamento, quando se tem apenas uma vaga, você a escolhe e pronto, e ao contrário, quando se tem muitas disponíveis, fica mais difícil saber em qual parar”. As inúmeras opções que a vida te oferece serão válidas a partir do momento que você sabe o caminho que deseja trilhar. Desta forma, estas diversas possibilidades enriquecem a sua escolha.

E para que a vida o presenteie com este leque de escolhas, você precisa permitir-se e estar pronto para tal, e desta forma parte de você saber qual rumo dar a ela, e assim “mãos-a-obra”. Mas lembre-se que só é possível fazer as escolhas corretas, quando se está lúcido, sem os “baratos alucinógenos” que nos rodeiam. Para que nos livremos deles, basta primeiramente pararmos de achar que sabemos de tudo, e que este “tudo” é a verdade suprema. Paremos com a teimosia e a ignorância. Depois disso, começamos a olhar com “novos olhos” para as situações, enriquecendo nosso conhecimento e assim escolhendo o caminho a se trilhar.

Uma ajuda? A prática diária do Yôga é um bom início. Primeiro, já entrará em contato com uma filosofia milenar de vida, despertando em você novas possibilidades. Depois, ao trabalhar o seu corpo, trazendo mais equilíbrio, força e flexibilidade; faça o mesmo com a sua mente e assim com suas atitudes, pois já é sabido que corpo e mente estão associados. E por fim, quando perguntado sobre o que seria Yôga, Mestre DeRose respondeu: “É qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao sámadhi”. Este termo sânscrito traduz-se como um estado de mega lucidez. Desta maneira, aí está a forma mais eficiente de se conseguir tudo o que falamos aqui. Então, vamos praticar?


Tati Marcondes
www.maisyoga.com


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Raízes antigas



Havia uma vez uma criança pequena, numa cidade importante junto ao mar. Para qualquer criança, a sua cidade natal é importante. Porém, esta era, independentemente de qualquer opinião pessoal, uma cidade mundialmente conhecida e isso tornava-a importante. Os habitantes daquela cidade estavam orgulhosos dela pois, além de tudo, era muito bonita. Tanto que, de comum acordo, chamavam-lhe Cidade Maravilhosa.

Tinha o mundo inteiro, lá fora, para descobrir, com ruas, montanhas, rios e praias e, sobretudo, muitas pessoas tropicais e amigáveis. Porém, quem sabe, por aquele mundo ser tão grande, a criança deteve-se, antes de sair a caminhar, e observou outro mundo muito mais próximo de si mesmo, um pequeno universo que, com o tempo, foi descobrindo que de pequeno não tinha nada. Um imenso mundo interior.

A criança observava esse mundo, permitindo que o exterior continuasse o seu percurso. Ela via os seus desejos a tomarem forma, na cápsula da sua mente e isso, de início, agradava-lhe. Com o tempo, já não foi suficiente e ele propôs-se a transpôr para a realidade todo aquele universo, construído no seu interior, sendo a realidade o mundo exterior conhecido por todos.

Após algumas décadas, chegámos nós. A criança, já adulta, era DeRose. E nós, ao ver esse universo, quisemos ser engrenagens que o ajudassem a funcionar ainda melhor. Engrenagens de carne e osso que constroem, levantam, projectam e, às vezes, tropeçam e provocam pequenos desastres.

Desde então, estamos aquí, integrando-nos, provocando-nos, estimulando-nos, trocando funções e papéis, vivendo para que o sonho, que nos inclui, tenha raízes cada vez mais firmes.
Anahí Flores