Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



segunda-feira, 21 de dezembro de 2009




A IMPORTÂNCIA DE TER

A IMPORTÂNCIA DE TER
BIBLIOGRAFIA SOBRE O YÔGA ANTIGO

Em tudo há algo de bom, especialmente nos livros,
pois são o resultado da reflexão
Baltasar Gracián
A nossa tradição de Yôga é do período Pré-clássico. Por essa razão não contamos com bibliografia original, uma vez que no período Proto-histórico, justamente por ser proto-histórico, não havia escrita (ou pelo menos não temos registro hoje em dia da sua existência). As outras linhas, do Período Clássico até às modernas, disponibilizam uma lista de títulos para que os seus yôgins estudem. O SwáSthya Yôga é a codificação do Yôga Pré-clássico, pré-vêdico, pré-ariano. Estamos conscientes de que toda a nossa bibliografia depende de nós mesmos, estudiosos daquela tradição. Se queremos que os nossos alunos tenham material de leitura, devemos escrever, dar forma no papel ao nosso conhecimento recebido por transmissão oral, de Mestre a discípulo.
Dispor de mais livros da nossa escola vai nos ajudar a:

Ter material de estudo sério para os nossos alunos e instrutores, que aporte conhecimento exclusivo da nossa Escola. É o tipo de divulgação de dentro para dentro, o crescimento interno. Muitas vezes, os iniciantes acabam procurando em obras de outras linhas,*por carência de um número de livros da nossa própria linhagem. Recordemos que os mais novos “necessitam” de diversificação (de técnicas, de cursos, de leituras); é nosso dever oferecer-lhes essa diversidade de livros de boa qualidade, sem ter que recorrer a textos de outras procedências que poderiam gerar confusão.

Divulgar o SwáSthya Yôga nas livrarias. É o tipo de divulgação cultural. Quantos mais títulos próprios tivermos nas livrarias mais credibilidade possuiremos perante os futuros leitores.

Divulgar o nosso trabalho na imprensa escrita. Reveja fragmentos dos seus textos e utilize-os como colunas ou artigos em diários e revistas. Desta forma divulgará o SwáSthya Yôga em geral e, ao mesmo tempo, o seu livro, em particular, uma vez que sempre irá ser mencionada a fonte. Ter um livro publicado dá maior credibilidade ante a imprensa e os seus alunos.

Ensinar sem a presença física.
When you read these I that was visible am become invisible.
Now it is you, compact, visible, realizing my poems, seeking me,
fancying how happy you were if I could be with you and become your camarade…
Full of life now, Walt Whitman
É um prazer poder falar através de um livro sem conhecer pessoalmente o leitor que, talvez, modificará a sua vida só por ter entrado em contato com essa leitura. Existe a possibilidade de mudar o karma das pessoas à distância. Esta relação incorpórea é grandiosa, pois irá continuar inclusive depois da sua própria morte.

Ensinar para assimilar o conhecimento.
Digo-me a mim mesmo que não tenho direito de guardar tudo o que fui acumulando,
ao longo de tantos anos, em cerca de mil páginas de notas.
Mircea Eliade
Este item tem uma íntima relação com o yôgin e o escritor: transmitir o conhecimento adquirido, ajuda a assimilá-lo. Se não se exerce a docência (isto é, passar as suas experiências aos outros), a própria lei do karma tomará de volta esse conhecimento, por se tratar de uma atitude sumamente egoísta (da mesma forma comporta-se a natureza com os órgãos não utilizados, atrofiando-os). Em outras palavras, tudo o que, através da experiência, pensava ter aprendido e assumia como seu próprio património, cairá no esquecimento. Assim como um simples praticante não terá tanto know-how pelo motivo de não estar ensinando, um instrutor que não aproveite da oportunidade de ensinar à distância através de livros, estará perdendo uma importante ferramenta de auto-conhecimento.
Logicamente estes são só alguns dos inúmeros bons motivos para escrever. Esperamos que lhe sirvam de incentivo, para que comece já agora a registar as suas idéias!

Tradução: Sonia Monteiro!



sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Priorizar é preciso, viver não é preciso!






Você já deve ter visto, quanta gente (inclusive nós) luta quase que diariamente para seguir sua rotina de atividades de forma disciplinada. Aliar trabalho, lazer, família, amigos, atividades sociais... Escolhemos o que fazer do nosso dia, semana, mês e ano, mas nem sempre conseguimos concretizar aquilo que projetamos. E isso gera uma frustração que resulta em desânimo!

Muita gente se inscreve pra fazer Yôga, mas desconhece que Yôga não é natação, não é musculação, não é Pilates, não é uma atividade física (mesmo que para alguns siga sendo). Quando percebem que para ascender tecnicamente é necessário empenho e dedicação... Acabam por priorizar seu trabalho, sua família, seus estudos. Não estou dizendo que você deve deixar tudo de lado e dedicar-se apenas aquilo que você gosta, é obvio que não! Mas se pudéssemos unir, integrar tudo isso com a disciplina prática, não há dúvida de que nosso dia, mês e ano seriam mais produtivos. Não é a toa que Yôga significa: UNIÃO.

Mas é impressionante como uma simples mudança de foco em um aspecto nos faz desorientar todo o restante. Ficamos sempre "empurrando com a barriga" à pensar que daqui a pouco tudo vai se acalmar e vamos enfim conseguir nos organizar. Sinto muito... Mas isso não vai acontecer! Tenho alunos que são profissionais requisitadíssimos, que necessitam ler mil e duzentos livros e artigos, presenciar duas mil e duzentas reuniões e compromissos, participam de oitocentas e nove atividades sociais, e nem por isso deixam de lado suas práticas. Pelo contrário, entendem que justo nesse momento É VITAL seguir sua rotina prática, caso contrário entram no ciclo de tentar-perder-desistir-desanimar-tentar-perder-desistir-desanimar... Ou seja, priorizam e não abrem mão disso.

Hoje, para cada 10 praticantes que iniciam, há outros 10 que desistem!

Desmotivação, desinteresse, falta de informação, indisciplina, falta de persistência, de identificação... Enfim, sempre há um motivo para parar e ele deve ser respeitado.

Esse ciclo só se modifica quando o simples desejo de dormir melhor e ter um corpinho sarado, se transforma em algo maior.

Praticar disciplinadamente pode ser um desafio para muitos e um calvário para outros.

Disciplina NÃO é abrir mão de outras coisas para ater-se a uma rotina, e sim integrar tudo de uma forma organizada e PRIORITÁRIA.

Mesmo por que, até para dormir melhor e ter um corpinho sarado é preciso disciplina, imagine então para meditar e se autoconhecer de verdade!


Instr. Sandro Nowacki
Diretor da Unidade Bela Vista
Instrutor do Método DeRose


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SOBRE PALAVRAS E LEITURAS







Não há livros morais nem imorais.
Os livros estão bem ou mal escritos.
Simplesmente.
Oscar Wilde.

Das palavras saem odores e gostos.
Nunca sei a que recanto da memória me levará uma página.
À medida que as frases vão passando, cadeias de associações mentais são ativadas.
O frágil sistema indireto da interpretação.
Por mais que o escritor originalmente queira expor uma determinada idéia, a forma final da mensagem moldar-se-á apenas na cabeça do leitor.
Os textos ficam independentes da intenção do seu autor apenas são lidos. (Inclusive quando aquele que os lê é o próprio autor).
Um único livro possui tantas conclusões quantas pessoas o leiam.
O transmitido, aquilo que sobreviva à leitura, depende diretamente da relação entre a mensagem emitida e o passado do leitor. Pois é nos passados (que se transformam em recordações) onde surgirão as divergências de uma mesma mensagem.
Trata-se de uma forma mais de relação humana.
Se o autor vive em cada palavra, se o leitor vibra em cada leitura, a sintonia será estabelecida e a informação correrá do papel aos olhos sem barreiras, como um rio que já conhece o processo do degelo.


Tradução: Sonia Monteiro
Imagen: "Chica leyendo", de Renoir