Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



terça-feira, 26 de agosto de 2008

O que nos espera após a Era da Informação?




Em 1956, o sociólogo americano Daniel Bell detectou que naquele ano, nos Estados Unidos, o número de trabalhadores chamados de colarinhos-brancos havia ultrapassado o de operários. Ao perceber esse fato tão relevante advertiu: “Que poder operário que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de serviços.” Por isso, este ano é considerado por muitos estudiosos o início da Era da Informação. Peter Drucker, renomado consultor de empresas e autor de dezenas de livros sobre o tema, foi o primeiro a denominar assim o período histórico que vivemos até hoje. Mas Drucker acreditava que a Era da Informação tinha começado pelo menos 10 anos antes, com a atitude dos soldados americanos de, após voltar da II Guerra Mundial exigirem, ao invés de um emprego, colocações em universidades. Hoje isso pode parecer óbvio, mas na época foi marcante, visto que aqueles que voltaram da I Guerra aspiravam apenas um emprego estável. Por volta de 1945, o conhecimento estava começando a ser mais valorizado do que o trabalho manual.

Em 1980, Alvin Toffler, um dos mais influentes futurólogos do mundo, escreveu um livro denominado A terceira onda. A idéia central era que a humanidade havia passado por três movimentos de grandes transformações. A primeira onda – com o desenvolvimento da agricultura - a segunda onda - com a Era Industrial - e estava passando por uma terceira onda que ele chamou de Era do Conhecimento.

Toffler explica que, devido ao aumento na velocidade das mudanças, a tendência é que cada Era seja mais transformadora e também mais curta que a anterior. Considerando que o primeiro representante do Homo sapiens sapiens, o homem de Cro-Magnon, tinha aproximadamente 35.000 anos de existência e que a agricultura só foi descoberta há 12.000 atrás, permanecemos 23000 anos como caçadores e coletores na Idade da Pedra. Já a Era Agrícola durou menos da metade desse tempo, 11000 anos, e foi deixada para trás, com o início da produção Industrial, na segunda metade do século XVIII. Não obstante, o período em que a geração de riquezas veio prioritariamente da produção nas fábricas perdurou por apenas 200 anos abrindo espaço para a Era da Informação iniciada entre as décadas de 40 e 50 do século XX.

A primeira Era durou 23000 anos. A segunda 11000. A terceira 200.
Quanto tempo resistirá a Era da Informação? E qual será a próxima?

Todas essas grandes transformações são reflexos de vontades e desejos das pessoas. Somando-se estes anseios de cada indivíduo, criam-se as mudanças comportamentais, que fazem com que uma Era termine e dê início a uma outra. O início da Era Industrial, por exemplo, aconteceu num momento em que o homem começou a sentir necessidade de utilizar roupas mais confortáveis. Os ingleses foram os primeiros a perceberem isto e a ter infra-estrutura para produzir grandes fábricas de tear e distribuir seus produtos pelo mundo todo. Sabendo que são as vontades humanas que movem os mercados e geram essas grandes tendências, se cruzarmos a pesquisa do psicólogo Abraham Maslow sobre as necessidades humanas com as Eras de Toffler talvez tenhamos uma pista de para onde estamos indo.

A Pré-História

Quando a última Era Glacial, há 20.000 anos, nos tirou do nosso habitat natural que eram as árvores e caímos nesse território desconhecido chamado chão, nossa maior batalha era para mantermo-nos vivos. Éramos apenas alguns milhares de homo sapiens lutando pela sobrevivência. A caça se fazia necessária, pois nossa alimentação dependia diretamente do que conseguíamos caçar ou coletar. Tal como na escala das necessidades humanas de Maslow vivíamos o drama da primeira e mais básica das necessidades: as fisiológicas.


A Era Agrícola

Foi provavelmente uma mulher quem, há 12.000 anos, descobriu que se enterrássemos uma semente no solo, geraríamos frutos e comida sem necessidade de tanto esforço como acontecia com a caça. Desenvolvemos então a agricultura e, conseqüentemente, ampliamos nossa expectativa de vida. Afinal, a caça é uma atividade deveras arriscada, e ameaça até mesmo a vida do caçador mais experiente. Com aquela descoberta simples, mas revolucionária, a aldeã, havia suprido a segunda necessidade de Maslow: a de segurança.


A Era Industrial

A industrialização começou a aparecer no chamado século das luzes, o XVIII, e essa revolução surge de uma mistura de cientificismo, racionalismo e ironia. Vivíamos um momento de progressos em quase todos os campos científicos - na física, na filosofia, na biologia - e nas artes principalmente na música, período em que estiveram vivos ao mesmo tempo, Mozart, Beethoven e Haydn.

O desejo das pessoas era ganhar mais autonomia através do trabalho que gerasse riquezas, podendo assim suprir suas necessidades mais básicas. Tal como as demais Eras, a Industrial respeita a ordem das necessidades humanas do estudo de Maslow. Esta foi a primeira época em que tivemos a necessidade de trabalharmos em grandes grupos. O êxodo rural fez com que mais e mais pessoas se congregassem nas cidades. A massificação dos produtos e a produção em larga escala reforçavam a tendência da terceira das necessidades segundo Maslow: o agrupamento.

Essa Era, que se inicia timidamente na segunda metade do século XVIII e chega ao ápice por volta de 1850, pode realmente ser chamada de um período revolucionário já que nesta época a Inglaterra começa a produzir e exportar em grande quantidade diversos tipos de tecidos. Somente nessa década é que as pessoas se deram conta que toda a sociedade havia mudado. Nascia a Era Industrial.


A Era da Informação

Assim como aconteceu com a Era Industrial, em que somente depois de um século de existência é que as pessoas acordaram para as modificações que haviam acontecido no mundo, o mesmo vem acontecendo agora. Apesar de já estarmos há mais de 50 anos vivendo um novo paradigma social, a maior parte das pessoas não percebem isso e ainda mantém suas crenças alicerçadas no sistema antigo.

A Era da Informação está sendo mais do que uma mudança social. Ela é uma mudança na condição humana. Na nossa época, quantidade de esforço não significa mais resultado. Mãos calejadas não são mais sinônimo de trabalho honesto. Será a capacidade criativa e pensante, que sempre nos diferenciou dos demais animais, que determinará o sucesso das pessoas na economia mundial.

Para se ter uma idéia do delay na leitura dos acontecimentos globais, apesar do sucesso mundial de livros que tratam do assunto como O mundo é plano de Thomas Friedman e de muitos intelectuais colocarem a boca no trombone para falar disso, ao consultar a Wikipédia para obter informações para este artigo, me assustei ao me deparar com um texto de apenas três frases e ainda totalmente equivocadas a respeito da Era da Informação. Agora o que consta lá é contribuição nossa.

A característica da Era da Informação que mais salta aos olhos é que ela tem deixado de lado o mercado de massas para focar no indivíduo. A indústria e os serviços saíram da massificação para a customização, transferindo cada vez mais poder à individualidade. O valor de cada pessoa tem crescido muito nestes últimos anos. Hoje podemos acessar o site da Nike e montarmos nosso próprio tênis. Outro exemplo curioso é o filme Homem-Aranha que, ao ser exibido na Índia, teve o nome do herói trocado de Peter Parker para Pavitr Prabhakar (!), se passa em Mumbai ao invés de Nova York e o personagem não adquiriu seus poderes através da irradiação, mas por um ritual feito por um yôgin paranormal. Ou seja, personalizar para valorizar o indivíduo.

E isso bate mais uma vez com a teoria de Maslow, cujo estágio contempla a estima de cada pessoa.


O que teremos pela frente?

Todo período de transição de uma Era para outra gera atritos. Isso aconteceu com os primeiros agricultores que, tornando-se mais sedentários pela praticidade do cultivo da terra, reduziram seu espírito bélico e sofreram muitos saques dos povos mais bárbaros e menos desenvolvidos que ainda viviam da caça e da coleta. Mas foi somente com a expansão da agricultura para todos os povos que, uma vez estáveis em um único lugar, os homens conseguiram multiplicar a riqueza. A transição da Era Agrícola para a Industrial também gerou embates como a Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865) na qual o sul mais conservador e voltado para a agricultura confrontou o norte sedento pela industrialização. A Era da Informação também sofre com a insistência em se manter paradigmas antigos. Observamos isto, por exemplo, na Indústria do petróleo que mantém um constante lobby para que sistemas mais inteligentes de energia não se propaguem no mundo. A sorte que temos é que o máximo que essas resistências farão é gerar atraso no processo, jamais detê-lo.

Podemos também prever que a Era da Informação criará empecilhos para que a próxima se sedimente. Provavelmente ela não aceitará que as pessoas possam viver com menos informações, que possam abrir mão de inovações tecnológicas e não aceitar que tudo o que é novo “eu preciso”.

Seguindo a linha de raciocínio, observamos que depois que o homem se alimenta e está saudável, ele busca segurança, uma vez seguro, sente a necessidade de fazer parte de algum grupo, posteriormente quer se destacar nesse grupo, e após ter preenchido todas essas necessidades, vai atrás da mais sofisticada das necessidades: sua auto descoberta, o imprescindível autoconhecimento que lhe possibilitara a plena realização pessoal.

Esse movimento já vem acontecendo em nossa sociedade. Hoje as pessoas têm valorizado mais a ética. Patrícia Aburdene, autora do livro Megatrends 2010, que aborda uma pesquisa sobre tendências do século XXI, conclui “ Surgindo das cinzas da crise, corrupção e desconfiança pública, ganha atração de milhões num movimento totalmente novo que visa revitalizar a ética e o espírito da livre iniciativa". Jovens escolhem seus trabalhos levando mais em conta a satisfação do que o ganho monetário.

Exploramos todas os cantos dos planeta, visitamos a Lua e agora, por meio de aparelhos, estamos futricando Marte. Contradissemos Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.) e estudamos partículas menores que os átomos. Enfim, viajamos do infinitesimal ao infinito, sempre focados no que estava fora de nós mesmos. É compreensível que após essa imensa expansão façamos um movimento retrátil e comecemos a explorar o conhecimento que os indianos sempre viram como o mais importante - aquele que nos permita ser quem realmente somos, desatando as amarras de uma cultura que determina nossas ações e vontades para descobrirmos o que realmente nos agrada. Enfim, um conhecimento que proporcione felicidade acima de tudo.

Está chegando o momento de darmos o último passo na escada de Maslow, alcançar seu ápice, que por ser o último degrau, também será o mais difícil e talvez o mais duradouro. O que está por vir é mais profundo que as pesquisas tecnológicas de ponta, é mais sofisticado que os ultra-modernos aparelhos da NASA. O que temos para desvendar na próxima Era, tal como nos indica esse longo caminho que o homo sapiens sapiens vem percorrendo há pelo menos 35000 anos é que chegou a vez de preencher a última das necessidades de Maslow: o AUTOCONHECIMENTO.


Daniel De Nardi


Exercício da criatividade: inserindo o Yôga no dia-a-dia



 
Antes de eu iniciar este post, é válido lembrar que o Yôga, principalmente o SwáSthya Yôga, não tem nada de apenas físico. Ao utilizar o termo exercício, como "exercício de Yôga", limita-se a filosofia a algo apenas corporal e físico, quando há muito mais do isso, já que visa-se o desenvolvimento do ser humano de uma forma integral. É aquela velha história, nada adianta ter um corpo forte com uma mente fraca, como também não adianta ter uma mente forte com um corpo fraco.

Este artigo será complementar ao que o Instr. Marco Carvalho escreveu em seu blog.

Desde que eu comecei a lecionar Yôga, algo que sempre escuto dos meus alunos, principalmente aqueles que são executivos, é que eles não têm tempo para praticar... pois mal têm tempo de praticar na minha escola ou comigo através de aulas particulares, imagine sozinhos durante o atarefado dia deles? Mas há diversas maneiras até bem criativas para colocarmos técnicas de Yôga ao longo do dia.

Respiração: em grandes cidades um local excelente para treinar a respiração é no trânsito. Ao invés de perder o tempo esperando se os carros andarem, treine a consciência sobre a sua respiração. Comece a perceber mais a sua inspiração, dilatando o abdômen pela entrada do ar, e sua expiração, contraindo o abdômen pela saída do ar. Depois de algum tempo com este treino, expanda a consciência e a atenção para outras partes dos seus pulmões, novamente, durante a inspiração, dilate o abdômen, continue a inspirar afastando os músculos intercostais e costelas, inspire mais um pouco elevando o alto do tórax. Permaneça por alguns instantes com os pulmões cheios. Ao expirar faça o caminho contrário da inspiração, e retenha por mais alguns instantes com os pulmões vazios.

Técnicas de purificação: utilizamos durante a prática uma técnica para iniciantes chamada de rajas uddiyana bandha, que são as contrações abdominais. O ideal é fazer cerca de 5 minutos diários desta técnica que se executa da seguinte maneira: inspire profundamente, expire esvaziando completamente os pulmões, durante a retenção sem ar contraia e solte diversas vezes o abdômen, quando precisar inspirar novamente, pare a movimentação e recomece o ciclo. Agora onde a arranjar estes benditos 5 minutos diários no tempo milimétricamente contado? Fácil, durante o banho, ao colocar o xampu é necessário esperar 2 minutos para ele agir, durante esta espera, contrações abdominais, tire o xampu, passe ao condicionador, mais 2 minutos de espera, mais contrações abdominais, agora só falta 1 minuto que pode ser encaixado facilmente a qualquer momento até o final do banho.

Talvez alguém esteja pensando que isso pode tornar a prática superficial, que não fará efeito, que é bom mesmo treinar em sala de aula com o seu instrutor, blá blá blá e se realmente vale a pena praticar o Yôga desta forma... Para isso respondo usando uma lógica bem simples, por que praticar assim? Porque é melhor praticar desta forma do que não praticar...

Enfim, viu só que fácil praticar durante o dia-a-dia? Ainda existem outras maneiras de se inserir Ásanas (técnicas orgânicas), Yôganidrá (técnica de descontração), Samyama (técnica de concentração, meditação e hiperconsciência) e muito mais, basta apenas ter um pouco de criatividade. Se alguém quiser mais dicas sobre como adicionar técnicas no seu cotidiano, é só escrever para mim: hirota@uni-yoga.org.


Marcelo Hirota



sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eu conheci DeRose





Certa vez travei contato com um livro impressionante, que me fez conhecer uma pessoa especial: um senhor já com barbas brancas e p0oucos cabelos. Aquela biografia contundente, muito lúcida, com conteúdo extremamente técnico, completo, descrevia detalhes de sua vida difícil. Mas a leitura foi facilmente devorada em um único dia, tamanha sua fluidez e leveza.

Eu estava a receber uma visão dilatada sobre o comportamento humano, as relações interpessoais, a cultura, a arte, o trabalho, a filosofia, o universo ao meu redor. Desvelava-se a mim um profissional tão dedicado, que inevitavelmente acabou por tornar-se o melhor em seu meio. Já se vão quase cinco décadas de exclusiva entrega em prol daquilo em que acredita. Ninguém teria tamanha garra em um métier tão mal conhecido, sem reconhecimento por parte da maioria do público.

A partir desse contato, senti um ímpeto irresistível de participar da árdua e gratificante tarefa de ensinar reeducação comportamental aos quatro ventos. Evidentemente o trabalho deveria começar por mim mesmo. Seguiram-se então dez anos de profundo estudo, prática, convivência, mais estudo, mais prática, mais convivência... e muita gratidão.

Acompanhei certas dificuldades pelo seu caminho, e tive o privilégio de compartilhá-las várias vezes, tentando atenuar-lhe o peso. Mas ele jamais desistiu. Continuou lutando como um guerreiro da verdade, sem esmorecer. Viajou o mundo todo ensinando e aprendendo, de kombi, de ônibus, de carro, em aviões que eu nunca poria os meus pés, alcançando lugares que eu provavelmente nem conhecerei.

Depois de algum tempo, muitas pessoas passaram a compartilhar com ele seus ideais. São discípulos fiéis que hoje caminham ao seu lado e levam a milhões a sua mensagem de sabedoria. Esse retorno é tão gratificante que lhe enche de vitalidade a cada novo encontro com a vasta família que ajudou a construir.

Mas como toda pessoa especial, ele também sofre. Não deve ser nada fácil transmitir um ensinamento e não ser compreendido, tantas e tantas vezes. Ou ainda ser difamado, como única reação possível à sua competência e honestidade incomensuráveis. Mesmo assim com certeza é muito feliz, pois já pode ver seu trabalho finalmente espargido como uma teia por todo o mundo.

Parafraseando seu próprio sútra, DeRose é uma locomotiva, e como tal vive a puxar muitos vagões. Portanto, esforcemo-nos para compreender suas palavras, e que reverbere sempre em nós a missão de perpetuá-las.


Rodrigo De Bona
Vice-Presidente da Federação de Yôga de Santa Catarina


quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O desejo de saber quem somos!



 
 
Acredito que todos os seres humanos em alguma fase da sua vida sentem uma ânsia urgente por descobrirem quem são. Mais ainda os praticantes de Yôga.

Para mim o conceito mais fascinante do Yôga é o conceito de púrusha. Púrusha é-nos apresentado pelo sámkhya, a filosofia naturalista que é o fundamento teórico do Swásthya Yôga, como a essência absoluta ou chispa de vida do ser humano.

Talvez este fascínio pelo púrusha advenha da distância que sei que me falta percorrer para alcançá-lo em toda a sua plenitude.

Uma coisa é racionalmente compreender algo, outra é absorver de tal forma esse algo que nos tornamos o objecto da nossa compreensão, ao ponto de não nos lembrarmos de quando a nossa realidade era diferente.

Descobrir a nossa essência, desprovida de todas as camadas da sociedade que nos vestem, é talvez o passo que antecede a meta.
Por muito que tentemos negar, somos o resultado da soma da influência de factores como a família, extracto social, grupo religioso, partido político, etc. E esse resultado que, aparentemente mostra ao mundo o que somos, é com certeza distante daquele que somos quando desprovidos de todas essas forças.

Para chegar a essa essência absoluta é preciso coragem, força e perseverança. Coragem para enfrentar o desconhecido, força para aguentar a feroz auto-crítica que persegue quem se entrega ao swádhyáya (o auto-estudo) e, perseverança para não desistir perante a consciência das nossas limitações, continuando sempre até que do incerto se faça luz.

Este conceito de púrusha pode ser dissertado exaustivamente em palavras, mas não há maneira de o conhecer através do intelecto. Conseguimos chegar a ele apenas pela prática do Yôga, pelo abandono da racionalização que a teorização traz e pela passagem à prática das técnicas, que essas sim, nos levam ao auto-conhecimento, do qual resultará a descoberta da nossa mais elementar essência.

A ideia desse percurso desconhecido é envolvida por um entusiasmo vibrante. Um dia chegaremos lá!


Mariana Rodrigues
 


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Conciencia y medio ambiente



La relación entre el Yôga Antiguo y el cuidado del entorno de quien practica viene de larga data. Para un yôgin, el espacio donde vive es casi como una extensión de su propio cuerpo. Veamos cómo se establece ese vínculo.

El SwáSthya Yôga (codificación contemporánea del Yôga Antiguo) tiene la propuesta de expandir la conciencia. Se comienza por el cuerpo, pasando por las emociones y las relaciones interpersonales, hasta llegar al lugar donde vivimos. El proceso va desde lo más próximo y tangible a lo más amplio y distante. En cuanto al ambiente, comienza en el lugar donde se trabaja y se vive, hasta abarcar el mundo entero que, en un sentido amplio, es también nuestro hábitat.

Desde este punto de vista, estar atentos al impacto de nuestras acciones sobre el espacio que nos rodea es una forma de ganar conciencia y por lo tanto, una manera de evolucionar.

Conciencia, responsabilidad y compromiso

Al ser conscientes sobre un asunto determinado, descubrimos que de la mano de ese conocimiento llega la responsabilidad de actuar según nuestros principios. En relación con nuestro espacio vital, a pequeña escala cuidamos de nuestro lugar de trabajo y de nuestra casa. Y a una escala mayor tenemos en cuenta el impacto de nuestras acciones sobre el delicado equilibro ecológico del planeta.

Se trata de de una responsabilidad para con nosotros mismos. Reducir el impacto de nuestras acciones sobre el entorno puede equipararse a cuidar del propio cuerpo: es una cuestión de hábitos.

Pero… ¿qué puedo hacer yo?

Cambio climático, calentamiento global, efecto invernadero, escasez de agua potable… los trastornos que el desarrollo humano ha provocado sobre la tierra son muchos. Algunos están en un grado muy avanzado y eso produce cierta impotencia, la sensación de que una sola persona no puede hacer mucho para revertirlo.

Pero no es tan así. Cada uno de nosotros tiene en sus manos el poder de cambiar algo para mejor, y de enseñar con el ejemplo a quienes lo rodean.

Por otro lado, las instituciones (que muchas veces parecen tener un poder de acción mayor) están formadas por personas. Si varios individuos se ponen de acuerdo, pequeños cambios pueden sumarse para producir uno más significativo. Sólo para ejemplificar, la institución donde yo enseño, Uni-Yôga Argentina, entre otras acciones ha decidido utilizar en sus escuelas sólo lámparas de bajo consumo, contribuyendo así al ahorro de energía.

Es una reacción en cadena: si alguien da el primer paso, otros van a seguirlo. Así, cada persona tiene en sí el germen de un cambio posible.
 


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O executivo Yôgi



 
 
Há alguns anos, o título deste artigo seria motivo de grande curiosidade, ou até mesmo de ficção!

O Yôga que outrora embalou os hippies, beatniks, intelectuais, artistas, agora é “descoberto” e incorporado pelos poderosos homens de negócios.

Há tempos que a maioria das multinacionais européias, norte-americanas e asiáticas vem utilizando Yôga como ferramenta de aprimoramento e qualidade de vida para seu corpo de empresários. Pudera, pois 160 bilhões de dólares são gastos, anualmente, pelas empresas em todo o mundo, com despesas médicas, hospitalares, indenizações, horas de trabalho perdidas e substituição de pessoal.

"Companhias gastam milhões de dólares por ano na manutenção preventiva de suas máquinas.
Não vemos razão para não fazermos o mesmo com nossos funcionários".
Peter Thigpen, presidente da Levi Strauss USA

Inicialmente, achou-se no Yôga um modo de conter essa sangria monetária em decorrência de mazelas de saúde e afins. Com o tempo, a descoberta foi outra. Foi como deparar-se com a presença de petróleo em um terreno comprado para construção de uma casa. O Yôga revelou-se um grande instrumento para executivos mais antenados.

Primeiro efeito colateral: melhor administração do stress. Quando me deparo com aqueles famosos e batidos dizeres: “No stress”, me dá vontade de escrever abaixo: “Em demasia”, pois o stress em si não é ruim. Precisamos de uma dose dele para nossa sobrevivência. O stress é como o ego: importante; mas mais importante é não perder o controle sobre ele. O executivo, desde sua primeira aula, já sente a implosão do excesso de stress e suas conseqüências: pressão alta, dores de cabeça e nas costas, insônia, nervosismo, queda de cabelo e produtividade, problemas digestivos, úlceras e gastrites, impotência sexual e depressão.

Em seguida, detectou-se um aumento na produtividade e criatividade. Alegria geral da corporação! Da mesma forma que o presidente da empresa não quer saber como determinada tarefa será feita, desde que seja cumprida; o executivo-yôgin não deve se preocupar como e por que acontece esse despertar de qualidades latentes, desde que aconteça! No entanto, a título de conhecimento, isso ocorre, dentre outras razões, devido às técnicas de respiração que fornecem uma cota extra de energia vital, aumentam a capacidade pulmonar e criam um superávit energético. Além da fundamental oxigenação cerebral que estimula os hemisférios cerebrais, equilibrando razão e emoção, raciocínio rápido e criação, capacidade de censura e sensibilidade.

Como se não bastasse, os exercícios de concentração e meditação elevaram os índices de acerto nas decisões empresariais em mais 100%. Os estados de lucidez, atenção dinamizada e plena consciência tornaram-se uma coqueluche nos negócios! E pasmem, algumas empresas no exterior chegaram a permitir que seus colaboradores passassem horas a fio a meditar, no horário de trabalho, dentro da empresa, com o objetivo de que gerem novas idéias, insights que possam auxiliar a companhia.

Isso tudo sem falar nas técnicas corporais do Yôga, que além de regularem o peso, promovem tônus muscular, melhor flexibilidade, alongamento, irrigação cerebral pelas posições invertidas etc... Como não há tricotomia entre físico, emoções e mente, estando os três totalmente interligados, o que se faz a um, se faz ao outro. Por exemplo, perceba na correria do seu dia-a-dia empresarial que qualquer tipo de tensão altera o seu padrão respiratório e/ou provoca uma dor qualquer pelo corpo (cabeça, estômago, ombros), inclusive enrijecendo músculos. Não é verdade? No Yôga, ensinamos a percorrer o caminho inverso; alterando conscientemente sua respiração e flexibilizando o corpo, influenciará direta e positivamente nas emoções e mente. Já ouviu falar em: “Corpo flexível, mente flexível”?

Bem, apesar de tudo isto, creio que essa explosão da filosofia yôgi por entre os executivos se deva a algo mais profundo. Nos últimos anos, ministrei aulas para presidentes de grandes grupos, executivos extremamente bem sucedidos, homens únicos em suas áreas; como únicas também foram suas queixas em relação às suas vidas. Possuem tudo o que o dinheiro pode comprar. Aquela velha expressão: “Você tem tudo, não há do que reclamar”, caberia perfeitamente nestes casos, não fosse uma avaliação mais atenta, que tudo, nesta interpretação, não é o suficiente.

Abraham Maslow, nascido em Nova York em 1908 e falecido em 1970, formulou uma teoria a que se convencionou chamar de hierarquia das necessidades dos seres humanos. Ilustrou-a em formato de pirâmide dividida em cinco partes. Na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas do indivíduo: a sobrevivência (alimentação, sono, etc.), na próxima etapa encontra-se as necessidades de segurança, de proteção contra qualquer tipo de ameaça. Subindo um degrau, temos a tão famosa expectativa social: estabilidade, afeto, família, aceitação por parte da sociedade. Em seguida, adentramos estima, status, reconhecimento, prestígio e por fim, no topo da pirâmide, a grande e poderosa necessidade de auto-realização e autoconhecimento.

Percebi com meus alunos de dois parágrafos acima que eles já haviam conquistado todos os blocos da pirâmide, com exceção do primeiro. Faltava a eles o grand finale, tocar a essência das coisas. E é aí que entra a busca pelo Yôga, a mais perfeita metodologia de autoconhecimento que a humanidade já teve contato. Neste momento, o homem desenvolve todo seu potencial interior, descortinando a verdadeira razão de sua existência.

"Companhias gastam milhões de dólares por ano na manutenção preventiva de suas máquinas.
Não vemos razão para não fazermos o mesmo com nossos funcionários".
Peter Thigpen, presidente da Levi Strauss USA


Fábio Euksuzian
www.universoyoga.org.br
 


domingo, 3 de agosto de 2008

Somos o que comemos



Você já parou para refletir que somos o que comemos? Repare que o nosso corpo é constituído pela reorganização das moléculas provenientes do que ingerimos. Portanto, devemos ter mais consciência sobre como nos alimentamos. A seguir, estão algumas dicas para construir o nosso corpo com qualidade de vida.

O momento da alimentação é um momento sagrado, no qual o corpo vai reenergizar. Portanto, não é recomendável fazer outra coisa ao mesmo tempo, como comer em frente à televisão. Temos que oferecer instantes de tranqüilidade para que o organismo consiga absorver, da melhor forma possível, os elementos necessários para seu pleno funcionamento. É recomendável fazer alguns instantes de relax antes de comermos, descontraindo a musculatura do corpo conscientemente, para que ele assimile melhor a energia proveniente do alimento.

Além disso, é vital repararmos no que estamos comendo. Ao olhar, cheirar e sentir sua textura, percebemos melhor as cores, aromas, sabores dos alimentos... Ao aguçarmos estes sentidos, enviamos para o cérebro informações necessárias para que se produzam as enzimas responsáveis pela boa digestão e nos saciamos com menos quantidade de alimento.

Cabe destacar a importância de mastigarmos devagar. Pois, dessa forma, sentimos melhor o sabor e trituramos o alimento para sua digestão e assimilação completa. Apesar disso, muitos engolem sem sentir o gosto do alimento. Isto pode ser atribuído ao ritmo acelerado da sociedade atual, ou devido que durante a infância, alguns foram obrigados a comerem o que não queriam e assim criaram o hábito de engolir rapidamente para não sentir o gosto. Tendo em vista isto, o ideal é deixarmos o alimento na boca o maior tempo possível, para mastigar e saboreá-lo plenamente.

Sabemos que organismo precisa de nutrientes para o seu bom funcionamento, como vitaminas, carboidratos, fibra, água, gordura, etc. Tudo isto, na proporção ideal para o seu bom funcionamento. As frutas, verduras, legumes fornecem toda energia que precisamos e são rapidamente digeridos. Existe uma maneira de saber se a refeição será bem assimilada pelo organismo, veja a facilidade de limpar o prato. Se precisar esfregá-lo para deixá-lo limpo, imagine o trabalho que o seu corpo também terá!

Prepare-se, repare, mastigue e escolha bem o alimento do seu corpo. Pois, se somos o que comemos, é melhor prestar mais atenção nisso...


Rafaella Coelho


sábado, 2 de agosto de 2008

Reeducadora comportamental




Quando era criança e surgia a famosa questão que vou ser quando for grande (e com ser, em geral, estamos pensando qual a carreira que queremos seguir), divagava entre várias profissões. Imaginava-me fazendo várias coisas: cantando, escrevendo, dançando e tendo uma família muito grande, apesar de nunca ter relacionado essa palavra com o ser mãe; apenas com o agrupar pessoas que tivessem afinidade.

Cada sonho de profissão tinha o seu determinado tempo de vida (às vezes anos), mas acabava sempre sendo substituído por outro. Nenhum me satisfazia 100%. Afinal, tem-se que estar muito seguro em relação à escolha que vai ocupar a maior parte da vida, sobretudo tratando-se da própria. Uma coisa era verdade: queria que a minha atividade levasse as pessoas a modificarem-se. Fosse qual fosse a minha escolha, não podia passar despercebido. Tinha que levar à mudança.

Quando escrevia, imaginava-me penetrando o mundo do leitor com as palavras e deixando ali as minhas sementes. Quando dançava, desejava emocionar o espectador a tal ponto que ele quisesse juntar-se ao que eu estava fazendo. Ao optar por não comer cadáveres (decisão espontânea e eterna, que mantenho desde antes dos dez anos de idade), propus-me a, com essa atitude, contagiar os que comigo conviviam.

O fato de que, quando algo chamava a minha atenção, alguma coisa sempre se modificava dentro de mim, deixava um pensamento latente: que mudanças quereria eu desencadear nos outros? Via muita responsabilidade neste pensamento e, talvez por isso, não conseguia decidir-me.

Encontrava-me nesta dúvida quando, naturalmente, tudo se foi encaixando.

À medida que comecei a entrar em contato com o Método DeRose, os meus movimentos corporais encontraram a roupa perfeita: continuei transmitindo emoções e idéias através do corpo com as sequências coreográficas do SwáSthya Yôga. Tudo o que escrevi a partir de então, assimilou o ponto de vista de uma swásthya yoginí, e dessa forma, consegui continuar participando do mundo íntimo dos leitores através das minhas próprias palavras organizadas em novos livros. Vegetariana? Claro, sempre, e à minha volta – finalmente – pessoas com a consciência daquilo que levam à boca. Também consegui entender o conceito de família com que tinha sonhado: tratava-se da linda cultura, formada por aqueles que praticam e ensinam esta filosofia de vida.

Poder ver que várias vidas modificam-se impulsionadas pelo meu trabalho diário é o que sempre desejei. A perpetuidade está em saber que aqueles que seguiram o impulso, por sua vez, o passarão a outros e assim sucessivamente, em efeito dominó.

Pretendo deixar a minha marca na Terra através da reeducação comportamental dos que optam por estar mais próximos de mim. Transmitir, comunicar e ter a certeza de que aquilo que os meus alunos aprendem não é apenas uma coisa qualquer que eu ensinei e que eles repetem automaticamente, mas sim algo que já existia desde há milênios no inconsciente coletivo da humanidade. Um conhecimento que está no próprio ADN e que só precisa ser acordado. A principal tarefa do Instrutor de SwáSthya é, simplesmente, dar o empurrão inicial em direção ao autoconhecimento.
 

Anahí Flores
(Revisão do texto: DeRose)



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Quanto vale o seu tempo?



A máxima tempo é dinheiro ficou bem conhecida em todo o planeta como um dos grandes chavões do capitalismo. Diferente de Max Weber, que abordou essa idéia em seu Ética protestante e espírito do Capitalismo, podemos sugerir uma nova interpretação para o valor do tempo.

Vamos debater sobre a importância de administrarmos bem o nosso tempo.

Façamos a comparação de dois indivíduos, supondo que um sabe fazer bom uso das 24 horas de seu dia e o outro não. O primeiro é um indivíduo ágil e encontra diferentes e criativas maneiras de produzir. O tempo todo, sem um minuto a perder. Realiza atividades que geram crescimento próprio e da sociedade, em múltiplos sentidos. O segundo indivíduo não põe suas habilidade a trabalhar, e passa a maioria de seus dias apenas em atividades dispersivas e de lazer. O primeiro está criando e realizando coisas construtivas, até em seu tempo livre. Ao ler um livro, escrever um artigo, prestar uma explicação a um amigo, pensar em projetos novos, ter idéias em seu ócio criativo, fazer contatos ou até mesmo ligações importantes. A questão está em avaliar se a atividade pode gerar algo relevante e positivo no futuro, ou se terminará por ali mesmo.

Uma vez que interrompemos esse tipo de pessoa, solicitando-a ou tomando seu tempo, estaremos na realidade atrasando a evolução do que talvez viriam a ser grandes contribuições à sociedade. Suas atividades tornam sua disponibilidade mais rara e mais valiosa. Por outro lado, uma pessoa inativa poderia ser interrompida e solicitada à vontade, e essa dispersão não faria diferença para si mesmo, nem para ninguém à sua volta.

Aí se levanta uma questão interessante, pois somos nós quem decidimos o real valor do nosso tempo - e de nossa vida! - através de seu bom aproveitamento ou não.  Como seria o mundo se todos os seus habitantes utilizassem bem cada hora de seu dia? Trabalhar não é necessariamente cansativo, uma vez que podemos extrair conhecimento de qualquer situação, até das mais amenas. Trabalhar é criar e construir - não precisa ser associado a algo necessariamente desgastante. Cabe a nós utilizar nossas vivências cotidianas para concretizar projetos e idéias. Entende-se como esse tipo de atitude pode gerar um grande retorno financeiro - daí a nova interpretação daquela famosa frase. É importante ter esse conforto na vida, apesar de sabermos que não temos no dinheiro o verdadeiro e único sentido para viver.
 
Para aprendermos como gerar tantas coisas boas com nossas escassas horinhas do dia, façamos como os yôgins e treinemos nossa capacidade de concentração, realizando tudo da melhor e mais precisa maneira, sem distrações, sem perder tempo. Sabemos do bem-estar que o SwáSthya Yôga proporciona quando nos ensina o que é concentração e meditação, mas não temos noção de como isso reverbera em nossas vidas – e no nosso bolso! O SwáSthya yôgin mais atento tem a lucidez de quão precioso é seu tempo - sabe que os segundos do relógio não param e que sua vida poderia terminar a qualquer instante. Nossos momentos são únicos, e devem ser vivenciados com intensidade. Assim fazem os que compreendem o privilégio que é estar vivo e com força para realizar.
 
Enfim, podemos assim reconhecer por que as grandes personalidades históricas (falecidas ou não), são consideradas seres humanos excepcionais: são homens e mulheres que construíram algo de relevante para ser acrescentado ao nosso patrimônio histórico. Mantiveram-se focados, utilizaram bem seu tempo e sua capacidade de ação - e assim tornaram suas vidas um grande exemplo para a humanidade.


Priscila Ramos de Sousa