Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ensaio à influência




Influência, influentia. Manipulação para alguns. Tal matéria trata-se de uma excelente análise do que se exprime nos contatos sociais, que denotarão o que o sujeito-homem, tornar-se-á no decorrer de sua vida.

Influência, que tem como verbo influenciar (Ato ou efeito de influir; Poder ou ação que alguém exerce sobre outrem ou sobre certos fatos ou negócios; Prestígio, preponderância, poder ou ação sobre outro; Autoridade moral; Preponderância; Influxo; Entusiasmo). Entretanto, abarca-se, na esfera do psiquismo, mais do que simplesmente tais significados. Influências cingem o ser vivente (e talvez até os não-viventes) em orbes de pensamento, égides de idéias que, outrossim podem contribuir para o engrandecimento do homem, todavia normalmente o diminui, gerando o infortúnio do amálgama social.

O amálgama social é um fenômeno que se denota no instante em que o ser possui idéias, possui uma relativa (para o Sámkhya) personalidade e se mescla aos demais, deixando de lado suas opiniões e seus conceitos, inserindo os comuns, gerados pelo senso comum.

Todo instante, os Pensadores recebem informações e mais informações, contrárias as quais ele realmente tem como valores. Isto eu chamo de mácula social. É um instante em que, poder-se-ia desenvolver uma Grande Idéia, transmutando todos ao redor. Devido à este motivo, é incrivelmente necessário o Iniciado possuir um conhecimento social, pautado primeiramente na retórica. É tanta a força que os quais ignoram o conhecimento insipiente, que se pode sinceramente julgar-se insano, fora de razão e, em determinados grupos, herege este o qual discordou. Recordo à todos que, herege não se expressa somente como aquele que não admite a religiosidade e sim aquele que discorda, que não acredita, etc. Um dia ouvi, como um grande bate-papo informal, daqueles que aprendemos muito se possuímos tal habilidade de percepção, o Mestre DeRose citando que nós seríamos heréticos. Logo, um yôgin, para sua completa emancipação dos conceitos mundanos, deve execrar as influências. Evitar a qualquer custo o amálgama social, permanecendo são diante da turba ensandecida. Somos poucos, especialmente os quais levam realmente à sério este grande (b)ônus da consciência, que carrega consigo a missão árdua de despertar a Humanidade.

Lembro que, quando escuto músicas, especialmente por conhecer algumas poucas línguas, insiro o contexto em meus poemas e em minhas aulas (que são representações psíquicas de minha existência). Logo, também percebo que os filmes que vejo me influenciam deveras. A televisão assistida, a conversa travada, a discussão fenecida me trazem um estado de consciência. Isto depende da aparência da pessoa para você (sem demagogias meus queridos), suas intenções (no meu caso que tenho hiperestesia) e seu estilo de vida (como ela vive e seu índice de contentamento). Neste dia que escrevo tal texto, saí com uma pessoa a qual tinha intenções neutras (empaticamente falando), um bom estilo de vida e boa aparência para meus padrões. Saí em um estado de consciência mais lúcido, que me permitiu observar o que há ao redor de mim, meus paradigmas. Suportou a minha consciência para a expansão. Outro exemplo, só que negativo é que, algumas vezes, preciso conviver com pessoas as quais não possuem estas três características. Sinceramente é como andar sobre ovos todo o tempo, desde que as cumprimento, até o instante em que me vou. Com o tempo, estas pessoas “carregadas” como os místicos dizem, vão confundindo o seu psiquismo, fazendo com que se force o fenômeno de amálgama social. E daí diga adeus aos seus pensamentos elevados e planos. Conclusão bem simples: Mostra-te com quem andas e dir-te-ei quem és. Como diria o nosso celebre DeRose.


Alexandre Meireles


quarta-feira, 30 de julho de 2008

Chocolate na alimentação do praticante



 
Há pouco tempo escrevi sobre alimentação biológica e dicas para uma evolução metabolizável na prática do Yôga Antigo.

A filosofia ancestral possui uma alimentação compatível com as técnicas e a proposta final, o autoconhecimento. Chama-se ovolactovegetarianismo.

Entretanto o aluno iniciante, que está na primeira fase, Pré-Yôga, não precisa seguir a risca esse sistema alimentar, nem nunca terá obrigação de segui-lo.

Entretanto, dicas para um melhor desempenho sempre são bem vindas.

Citei no outro artigo a redução do açúcar, sal, gorduras, desenvolver a frugalidade etc.

Isso, não só para um melhor desempenho nas técnicas, mas para sermos mais longevos e saudáveis.

Há muita discordância sobre os efeitos do café, chocolate entre outras coisas. Muitas pesquisas remetem as boas conseqüências e outras o contrário.

Por exemplo: “Na Alemanha, aonde um estudo bem conduzido levou à conclusão que o chocolate é útil no combate a pressão arterial e na prevenção de doenças isquêmicas decorrentes da elevação da pressão arterial”  abcdasaude.com.br.

São estudados diversos componentes do cacau que têm relação positiva ao combate da hipertensão arterial. Ele sozinho é amargo, mas associado ao açúcar, como no caso do chocolate, pode torna-se um grande vilão para dietas de emagrecimento e aos diabéticos.

Outro estudo diz que uma dose diária de chocolate amargo pode ajudar a reduzir os sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica, apontaram cientistas britânicos. Pacientes que participaram de um estudo piloto realizado pela Hull York Medical School revelaram que ficaram menos cansados depois de comerem chocolate com alta concentração de cacau.

A Síndrome da Fadiga Crônica é uma condição caracterizada por uma profunda fadiga muscular após esforços físicos.

Os sintomas ainda incluem dor de cabeça, memória fraca, dificuldade de concentração, perturbação do sono e irritação.

A partir de pesquisas e estudos cada um deve escolher o que é melhor pra si e principalmente observar a reação do seu corpo após a ingestão do alimento, assimilação e o momento de eliminá-lo.

Podemos buscar uma orientação de nutricionistas ou médicos em casos específicos.

O sistema alimentar do ovolactovegetarianismo não exclui o chocolate (lacto = leite). Para alguns, isso parece óbvio demais, mas ressalto que muitos outros não têm consciência disso.

"O chocolate é um alimento muito nutritivo. Contém proteínas, gorduras, cálcio, magnésio, ferro, zinco, caroteno, vitaminas E, B1, B2, B3, B6, B12 e C. Como já dito, estudos recentes sugerem a possibilidade de o consumo moderado de chocolate preto e amargo trazer vantagens para a saúde humana, nomeadamente devido à presença de ácido gálico e epicatecina, flavonóides com função cardioprotectora. Sabe-se que o cacau tem propriedades antioxidantes. O chocolate constitui ainda um estimulante devido à teobromina, embora de fraca capacidade. O chocolate também possui cafeína e sua ingestão faz com que o corpo libere neurotransmissores como a endorfina". Wikipedia.

Como todo alimento, o excesso é prejudicial. Muito pior pode ser poluir o corpo com uma imensa vontade de ingeri-lo e não fazê-lo, pois, não queremos engordar ou algo do gênero.

Se você têm carência de chocolate ou qualquer outro alimento, ou simplesmente come em excesso, deve buscar a orientação de um especialista.
É provável que o distúrbio tenha um vínculo com a esfera emocional e com excesso de ansiedade, que é compensado com o ato de comer.

Desmistificamos o fato de que um Instrutor de Yôga como sim chocolate. Será uma opção pessoal não comê-lo, mas não uma regra.

Nossa sugestão é saber observar-se, um dos preceitos do nosso código de ética. A partir daí, cada qual faz a sua escolha.


Curiosidade

"Antes dos espanhóis chegarem às Américas, os astecas já conheciam o cacau. Com elas, faziam um líquido escuro que chamavam de xocoatl. Em 1502, a ilha de Guanaja, habitada pelos astecas, povo místico e religioso, recebeu a esquadra de Colombo. O navegador foi um dos primeiros europeus a provar o sabor do chocolate". Wikipedia.


Ricardo Melo
 


segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ásana: la técnica corporal del Yôga




Ásana es la técnica más conocida del Yôga. En realidad, es así porque su ejecución se puede fotografiar o filmar (también se podría filmar a un yôgi meditando o durante sus técnicas respiratorias… pero sólo veríamos a una persona sentada, sin moverse). Los ásanas son llamativos porque muestran la fuerza y la flexibilidad que alcanza el cuerpo de un practicante. En el Yôga Antiguo, se ejecutan en forma encadenada, rescatando así el concepto antiquísimo de secuencias coreográficas.

Ásana es una palabra sánscrita, de género masculino. La gran mayoría de los términos sánscritos terminados en la letra “a” son masculinos, como por ejemplo, la palabra Yôga. Por eso es correcto decir “el ásana” y “el Yôga”.

Un ásana es una posición confortable, estable y estética. Requiere una respiración determinada: profunda, completa y consciente. Además, durante su ejecución está presente una actitud interior especial que lleva la atención a la zona del cuerpo más solicitada por la técnica. Los alumnos más avanzados agregan mentalizaciones específicas.

En nuestro método practicamos las técnicas corporales con permanencia máxima y repetición mínima, es decir, quedándonos bastante tiempo en la posición y sin repetirla. Lo que sí es indispensable es compensar: si se hace hacia un lado, deberá realizarse en forma idéntica hacia el otro durante el mismo tiempo. Y para una técnica de flexión de la columna vertebral hacia delante, la compensación será con una técnica de flexión hacia atrás. Éstas son tres de las ocho reglas generales de ejecución, que están presentes en la práctica del SwáSthya y que serán motivo de un próximo post.

Pasemos a la práctica

Si bien es fundamental considerar los ásanas en el contexto del sádhana (la práctica completa de Yôga), vamos a utilizar aquí algunas técnicas aisladas para armar una práctica corta y compensada que todos puedan hacer en diez minutos. Estas posiciones están especialmente indicadas para quienes tienen un trabajo sedentario, como por ejemplo, pasar varias horas por día frente a la computadora.

  1. Flexión lateral (chandrásana): de pie, con los pies juntos y las rodillas extendidas, inspirar elevando el brazo izquierdo y exhalar flexionando el tronco hacia la derecha. Permanecer 15 segundos y retornar con una inspiración, realizando la misma técnica hacia el otro lado.
  2. Estabilidad (jánúrdhwásana): fijar la mirada en un punto y separar el pie derecho del suelo; elevar la rodilla derecha hacia delante lo más alto posible y sujetarla con ambas manos. Permanecer 15 segundos y compensar, elevando la otra pierna. Todos los movimientos hacia arriba, hacerlos inspirando y hacia abajo, exhalando.
  3. Flexión hacia delante (pádahastásana): seguimos de pie, con los pies juntos y las piernas bien extendidas. Inspirar elevando ambos brazos y exhalar flexionando el tronco sobre las piernas, aflojando bien la cabeza y los hombros. Permanecer 30 segundos. Para dar el máximo, sujetar con las manos los talones y utilizar suavemente la fuerza de los brazos para aproximar la frente a las rodillas.
  4. Torsión (matsyêndrásana): sentarse con ambas piernas extendidas. Cruzar la pierna derecha flexionada sobre la izquierda, apoyando la planta del pie derecho en el suelo al lado de la rodilla izquierda. Utilizar el brazo izquierdo como palanca sobre el muslo opuesto, girando el tronco hacia atrás. La mano libre se apoya en el piso detrás de la cadera. La cabeza también gira, buscando alinear el mentón con el hombro derecho. Permanecer 15 segundos y compensar hacia el otro lado.
  5. Flexión hacia atrás (sarpásana): acostarse con el abdomen sobre el suelo, apoyar las palmas de las manos sobre los laterales de las piernas e inspirar, despegando los hombros y el pecho del piso. Mantener por 15 segundos.
  6. Posición invertida: hay muchas posiciones invertidas, adecuadas para distintos niveles de práctica. Básicamente, consisten en elevar las piernas por sobre la cabeza, para que la sangre irrigue mejor la porción superior del cuerpo. Para ejecutar la versión más simple, apoyar la espalda en el suelo y colocar las piernas en posición vertical. Si es posible, despegar la cadera del suelo sujetándola con los brazos, para conseguir una mejor verticalidad (viparíta karanyásana).
  7. Terminar la práctica acostado, con los brazos y piernas sueltos, descansando por un minuto (shavásana). Ésta es la mejor posición para practicar yôganidrá, la técnica de descontracción, que consiste en permanecer lúcido y despierto, relajando voluntariamente todo el cuerpo.

Si estas técnicas le agradan, pruebe realizarlas diariamente. Una recomendación especial para ponerlas en práctica: esforzarse sin forzar es la regla de seguridad que permite dar el máximo respetando las posibilidades de cada uno.

Natalia Sanmartín Gil

natalia_sm@uni-yoga.com.ar

www.uni-yoga.com.ar



sexta-feira, 18 de julho de 2008

O desafio da relação Mestre-discípulo!





Apaixonei-me pelo SwáSthya Yôga devido à sensação de identificação mais forte que alguma vez tive na minha vida. Mas a paixão transformou-se em amor quando descobri a pedra basilar desta filosofia, a relação Mestre-discípulo.

Em toda a sua extensão é uma relação fascinante e enriquecedora. Leva-nos ao limite, faz-nos enfrentar todas as nossas fraquezas, não nos deixa adormecer perante a dificuldade nem estagnar numa versão mais limitada de nós próprios. É tão aliciante quanto difícil, e reside o desafio.

Existem noções mínimas e básicas em qualquer relação e mais nesta em particular. A noção de hierarquia está irremediavelmente inerente na relação Mestre-discípulo. Até pela lógica se percebe isso. Se não fosse a noção de hierarquia esta relação nem tinha começado, pois para iniciar o discípulo tem de admitir e constatar que a pessoa que escolheu tem mais conhecimentos e experiência do que ele próprio. Se à partida ele não reconhecesse que o Mestre era superior hierarquicamente, não o escolheria para o orientar.

O problema surge quando o discípulo pensa que já está ao nível do Mestre e que, portanto, já nada tem a aprender com ele. Mais uma vez, é a falta de conhecimento do sámkhya, a filosofia naturalista que sustenta o SwáSthya Yôga, e de aplicação das normas éticas, normas essas que devem reger o nosso comportamento, que levam a tal distorção da realidade. Quem tem esta ilusão regride automaticamente na senda do Yôga. Ao mesmo tempo que o discípulo evolui, talvez até a uma velocidade superior, o Mestre também evolui.

O discípulo tem a liberdade e o privilégio de escolher o seu Mestre. Este, por sua vez, tem a liberdade de não o aceitar. Daí não ser admissível e, muito menos coerente, o discípulo questionar o Mestre, porque foi ele que, em plena consciência e sabendo de todas as idiossincrasias desta relação, o escolheu.

A atitude que discípulo tem de adoptar é extremamente simples e nada tem de místico, religioso ou severo. Assim como se ama um amigo, que foi alguém escolhido por nós para nos acompanhar nesta jornada que é a vida, se deve amar o nosso Mestre. Assim como se ama um amigo, sem cobrar, exigir, enfrentar, questionar ou atraiçoar, assim se deve amar o nosso Mestre. Mais ainda, porque Mestre, na tradição do Yôga, representa caminho, orientação, exemplo, amigo, pai, companheiro.

Temos de ter ainda sempre presente que um Mestre é um ser humano, com todos os defeitos e virtudes e, como tal, tão falível como qualquer outra pessoa. Tal característica deve servir apenas para incrementar o nosso respeito e admiração por essa pessoa. Até porque o facto de termos alguém que nos encaminha e que já falhou, é uma mais valia; permite-nos a hipótese de não cair no mesmo erro, oportunidade que a vida dá a tão poucas pessoas.

Mariana Rodrigues



O princípio da não-agressão






O nome dado ao conceito de não-agressão, na tradição yôgi, é ahimsá; esta norma ética pode ser interpretada como o exercício de tolerância para com os demais e consigo mesmo, procurando compreender o que há de humano em cada atitude, pensamento e emoção. A violência pode ocorrer tanto no nível físico quanto no verbal, mental e emocional. Ou seja, mesmo não tomando nenhuma ação direta contra o próximo, mas nutrindo uma agressividade em pensamentos, o yôgin deixa de cumprir esta norma ética. O reflexo de não agredir os que nos cercam torna-se cada vez mais rápido, quanto mais treinado estivermos. Entre a ação e a reação, há um curto espaço de tempo que deve ser ampliado – subjetivamente – quanto mais consciente estivermos de nossas ações. Ou seja, o yôgin se treina constantemente a reagir da melhor maneira perante uma situação inesperada, sabendo, em um curto espaço de tempo, qual atitude tomar.

A agressão não se restringe ao contato entre pessoas. É preciso aprender, por exemplo, a não agredir o meio-ambiente - através de inúmeras ações que estão ao nosso alcance e que visem a preservação de nossos recursos naturais, como a reciclagem, o consumo responsável de água, a participação em ações comunitárias, etc.

Não se deve, da mesma maneira, agredir os animais, maltratando-os ou matando-os para o consumo de sua carne.

É imprescindível, principalmente, a consciência de não agredir a si mesmo, respeitando e cuidando do próprio corpo, selecionando hábitos e alimentos, tendo consideração pelos próprios desejos e anseios. Selecionando amigos e ambientes que freqüentamos estamos praticando a não-agressão de princípios e ética individual (seria uma agressão a si mesmo, por exemplo, exercer uma profissão que contradiga diretamente seus princípios éticos). Da mesma maneira, convém saber selecionar os tipos de emoções e pensamentos dos quais nos alimentamos - se tomar cianureto agride o corpo físico, envenenando-o, alimentar o corpo mental de pensamentos depressivos ou pessimistas tem o mesmo efeito.

No código de ética do yôgin, elaborado pelo Mestre DeRose, é feita uma observação específica em relação a não agredir os colegas de Yôga, sob nenhuma circunstância. Inadmissível é aferir qualquer agressão contra um professor. Além disso, não advogar em defesa de uma pessoa agredida significa acumpliciar-se deste ato.

Para todas as normas éticas sempreum preceito moderador. No que se trata de ahimsá, é observada a diferença ente a passividade e o pacifismo. Um yôgin deve saber defender energicamente seus princípios quando for preciso, e não cultivar nunca uma atitude subserviente.



quinta-feira, 10 de julho de 2008

Operação Sânscrito



Nessa semana ao abrir o jornal, deparei-me com a invasão de mais uma palavra sânscrita na língua portuguesa. A moda já foi tratada em artigo publicado anteriormente.

O jornal O Estado de São Paulo publicou o resultado de uma operação que começou em 2004 e culminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naj Nahas, do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, este último algemado em sua casa no jardim paulista em São Paulo, e outros 14 acusados não tão ilustres quanto os anteriores. O total de movimentação financeira ilegal gira em torno de US$1,19 bi. Foram emitidos 24 mandados de prisão, 56 mandados de busca e apreensão e mais de 300 policiais federais envolvidos.

O nome da operação é Satiagraha. Sempre achei os nomes dessas operações bem engraçados, eles me lembram filmes de Hollywood e os tempos dos espiões da Guerra Fria.

O nome “satiagraha” para a Polícia Federal significa “resistência pacífica e silenciosa”. Contém uma imprecisão histórica que o jornal O Estado de São Paulo sabidamente atentou em sua edição de 9 de julho de 2008. O jornal indica que a tradução mais precisa para o termo, usado por Gandhi, é “firmeza na verdade”. “Satia” quer dizer verdade e “graha” firmeza de propósito.

A correção foi muito bem observada pelo jornalista Gabriel Manzano Filho, a pena é a troca da letra “y” por “i”, letras que, no sânscrito, possuem pronúncias diferentes. A consoante “y” é mais fluida enquanto a vogal “i” tem pronúncia mais estanque. Já que é para pegar no pé eu
também pego!


André Mafra




A arte de contemplar a vida



A contemplação é um ato que acompanha o ser humano desde tempos remotos. Os povos sedentários - que habitavam um único terreno e nele permaneciam por muito tempo – possuíam este importante hábito. Uma vez que não pretendiam se deslocar, dispunham do tempo que precisassem para se deslumbrar com as maravilhas do mundo.

Observando por um longo período tudo o que estava à sua volta, os antigos conseguiam atingir uma percepção mais aguçada do Universo. Pois chegar à essência das coisas depende de muita atenção focada sem ser influenciado por qualquer outro estímulo.

A cultura da contemplação começou a ser prejudicada a partir do momento em que os povos nômades foram ganhando mais espaço na Terra, entre 4400 e 2900 a.C. época em que os agricultores da Mesopotâmia, Egito e Noroeste da Índia sofreram três invasões de pastores das estepes ou povo Kurgo. Estabelecendo-se nos locais apenas o tempo em que as reservas naturais preenchessem suas necessidades, esses ambulantes não pensavam no longo prazo, seja para construir uma civilização ou muito menos para gerar riquezas e tecnologias. Preferiam adotar uma atitude mesquinha de tomar dos que não eram exímios na arte bélica. E foi justamente essa necessidade de deslocamento dos povos o primeiro motivo que fez a pressão do Tempo interferir em nossas atitudes cotidianas.

Com a atenção voltada para o passar das horas, a contemplação começou a ser deixada de lado e não ser mais muito bem vista nas sociedades. Afinal, observar animais por um longo período de tempo, por exemplo, poderia ser interpretado como uma perda desse precioso recurso. No entanto, os orientais nunca deixaram de lado o ato da contemplação. Uma demonstração clara são as técnicas de concentração praticadas tanto nas artes marciais quanto no Yôga antigo, o qual possui mais de 52 métodos de meditação. Os Indianos que criaram esta filosofia sabiam que a única forma de expandir a consciência é deter a atenção num único som ou símbolo por um longo período de tempo. É preciso cessar a atitude de julgar ou de analisar para apenas contemplar, isto quer dizer, observar com prazer.

Do lado de no ocidente, depois de ter perdido um pouco do seu valor, a contemplação voltou a ser enaltecida na cultura grega na época de formação da polis. Apesar de cultivarmos uma imagem de que os filósofos gregos são altamente racionais, na verdade, o que eles mais enalteciam em seus discursos era a contemplação. Conforme nos explica Hannah Arendt, filósofa e pensadora política alemã “Contudo, a enorme superioridade da contemplação sobre qualquer outro tipo de atividade, inclusive a ação, não é de origem cristã. Encontramo-la na filosofia política de Platão... O próprio enunciado aristotélico dos diferentes modos de vida, em cuja ordem a vida de prazer tem papel secundário, inspira-se claramente no ideal da contemplação.” Os Pensadores Gregos colocavam essa atitude acima de qualquer outra atividade, chegando ao ponto desses filósofos anunciarem que toda a atividade era dispensável, inclusive a política, que eles tanto contribuíram para melhorar. Revoltados com tais declarações, os administradores públicos induziram toda a população a se voltar contra eles chegando ao ponto de levarem Sócrates a julgamento, forçando-o ao suicídio caso não desdissesse o que havia afirmado.

Nos dias de hoje a observação de obras de arte pode ser considerado um sofisticado exercício de contemplação. Ao visitar exposições você percebe que o mais prazeroso não é fazer uma análise da obra, mas simplesmente ficar a frente dela e deixar-se invadir pela maravilhosa sensação que proporciona a parada das ondas mentais. A obra em si pode até não significar muito para nós e nem mesmo ser o que podemos julgar como bela, mas será de extrema valia para as nossas sensações se tentarmos chegar à essência da arte apenas observando-a com prazer. Trazer a atitude contemplativa para o nosso dia-a-dia é relacionar-se com o tempo da mesma maneira que aqueles que mais aproveitaram a existência, os antigos povos sedentários, que tinham a ampulheta da vida em suas mãos e que por isso entenderam o que realmente o Universo representa.



A polêmica do acento na palavra Yôga



Como dá para notar, o assunto não é dos mais relevantes. Tanta coisa importante para ser discutida no mundo e Yôgins de todas as linhas digladiando-se por conta de um detalhe. Mas você verá um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença...

A Origem da polêmica

Os primeiro textos sânscritos que chegaram ao ocidente foram trazidos pelos ingleses, os colonizadores da Índia. Por cerca de 200 anos, ocorreu um processo de choque de culturas e também de assimilação por ambos os lados. Com isso tivemos escrituras, manuais, textos mitológicos e outros foram transliterados para uma língua que não possuía acentuação.

Transliteração é o processo de representar os caracteres de um vocábulo por caracteres diferentes no correspondente vocábulo de outra língua. Concluímos assim que uma boa transliteração é aquela que consegue transpor com a maior fidelidade possível nuanças fonéticas da língua estudada, permitindo ao leigo entender e reproduzir com exatidão o som original, afinal sem isso, o único jeito seria aprender o alfabeto da língua de partida.

O sânscrito, língua morta da Índia antiga, é escrito em dêvanágari, que significa a escrita dos deuses. De origem indo-européia, o sânscrito é uma língua muito elaborada, gramaticalmente perfeita (CARDOSO, Carlos “Curso de introdução ao sânscrito”, Saquarema, 2008), possui muitos detalhes fonéticos, grande diversidade de sons característicos de idiomas antigos e um vocabulário muito vasto que aumentou ao longo de muitos anos de utilização.

Seus detalhes fonéticos, às vezes, diferem muito das línguas ocidentais. Portanto é natural que o leigo tenha um pouco mais de dificuldade para vocalizar alguns mantras ou para pronunciar alguns termos. Os falantes do português, em geral, possuem facilidade para a maioria das sílabas sânscritas, encontrando problemas, às vezes, com as letras aspiradas por conta do fenômeno do visarga (h) em namah, kapalabhati, granthi, e alguns outros casos. Os falantes do espanhol, por sua vez, se atrapalham com a pronúncia do “ya”, “yô” e pronunciam “já”, “jô”, e assim por diante. Os falantes do inglês se equivocam com os erres, que devem ser pronunciados como o erre italiano, atrapalhando-se, por exemplo, com a pronúncia das palavras Rama, mudrá, e em outras, como jay (jaya) que é por eles pronunciada como “jei”.

Temos então, um problema. Qual a forma ideal para termos preservada as características fonéticas de uma língua tão rica ao realizar a transliteração? A resposta é: usando uma rica transliteração.

De uns 10 anos para cá (1998 – 2008), com o crescimento do interesse pela prática do Yôga, tivemos uma invasão de termos sânscritos povoando a internet, revistas, matérias de jornais, nomes de estabelecimento comercias, etc. Karma, dharma, yôga, ashtánga, môksha, samádhi, kundaliní (deve ser pronunciado com o í final longo) e outras palavras já são quase de uso cotidiano. O lado bom de tudo isso é a difusão do conhecimento e a possibilidade de ampliação do pensamento e do raciocínio da cultura ocidental. Hoje, qualquer cônjuge sofre o peso de ser considerado o karma do parceiro quando faz algo que o desagrada, ou pior, você que pratica Yôga ser tachado de “zen”,
termo que virou adjetivo para qualquer um que seja considerado calmo, equilibrado, ou que faça alguma prática esdrúxula, supostamente oriental. Ser chamado de zen não é agradável, na verdade é ofensivo, pois se trata de uma gafe cultural e um desrespeito às diferenças de tantas culturas orientais totalmente distintas, como o Budismo, Yôga, Tai-Chi, Sámkhya, Vêdánta, Sikhismo e etc.

O sânscrito possuiu, para o Yôgin, uma importância mântrica muito forte. Para nós praticantes, a vibração sonora possui uma força imensa. A atuação de determinadas técnicas depende exclusivamente da boa pronúncia e de sua intenção na hora da execução. Alguns sons (mantras) vibram por ressonância nos centros de energia (chakras). Algumas palavras sânscritas vêm sendo pronunciadas por milhares de praticantes ao longo de milhares de anos e possuem na repetição uma força acumulativa poderosa. O problema é aceitarmos a utilização de uma transliteração que não transpõe de maneira correta a diferença entre fonemas curtos e longos, pode ser representado por um acento agudo, circunflexo, um macro, um til, uma nota de rodapé ou uma introdução explicativa. Os acentos são ferramentas gráficas que possuímos para enfatizarmos detalhes e filigranas fonéticas da língua, marcam também o requinte e o charme de um idioma. Resumindo: são indispensáveis para esta convenção!

Demonstração
de que a palavra Yôga tem acento

no seu original em alfabeto dêvanágarí:

As consoantes sânscritas possuem uma vogal “a” sempre presente. Temos assim o fonema “Ya” curto.

= YA



Com um traço vertical após o fonema, temos o prolongamento desse “a”, pois o traço vertical indica a presença de mais uma letra “a” temos assim “Yaa” longo.

= YAA



Ou seja, todas as vezes que queremos inserir mais uma vogal “a” colocamos um traço vertical depois (a-ki-matra). Escrever com dois “as” não está errado, afinal são duas letras mesmo, mas pode induzir o leigo a pronunciar “Ya-a”, que seria a forma errada. Por isso, utilizamos um acento agudo que indicaria uma fusão de letras iguais. O mesmo ocorre com as vogais i e í, u, e ú.

= YAA ou YA+A= Yá



logo,

= Yá



Uma coisa é certa: o fonema ficou longo já que possui mais uma vogal e como isso a pronúncia muda. O acento agudo (´) então, é a nossa forma ou convenção para indicar um fonema longo. Poderia ser qualquer outro acento desde que indicasse uma alteração no fonema original.

É comum encontramos o termo ásana grafado assim: aasana. Percebeu o problema?

Resumindo: O traço vertical alonga o fonema, alonga a pronúncia. Essas mudanças precisam ser identificadas pelo pobre leigo que está lendo sânscrito no alfabeto latino! O acento indica que a letra é longa e muda a pronúncia!

O acento da letra “o”

Vimos que para inserimos um “a” usamos um traço vertical simples. Agora vamos aprender a inserir a vogal “o”.

A vogal “o” no sânscrito é sempre longa. Ela é composta de duas letras (a+u) e por isso é um ditongo. Concluímos assim que não existe a vogal “o” curta. Ela é sempre longa (Oo) já que possui, também, duas letras.

O símbolo no dêvanágari para inserir um “o” em uma consoante é um traço vertical seguido de um traço acima do mesmo anterior. Sempre que houver um símbolo (ô-ki-matra) depois de qualquer letra, ela ganha uma vogal “o” de presente.

(símbolo que acrescenta a letra “o” em qualquer fonema);



= Ya



+ =


ou seja Ya+ô = Yô

Assim: “ya” vira “yô”, “ba” vira “bô”, “la” vira “lô” e assim por diante.

O acento circunflexo não é usado para fechar a pronúncia

Quando comecei a praticar Yôga ainda existia muita dúvida se a pronúncia era Yôga ou ióga. Atualmente quase todos os professores no Brasil, de diversas linhas, confirmam a pronúncia que DeRose já defendia há décadas: Yôga, com “o” fechado e gênero masculino. Como as letras “o” e “e” têm pronúncia sempre fechada no sânscrito, muita gente pensa que o acento serve para marcar essa característica, o que você já deve ter notado, é um erro.

Quando usamos a transliteração inglesa simplificada “Yoga” perdemos um detalhe importantíssimo que é a pronúncia correta da letra “o” longa. Parece um detalhe, mas faz toda a diferença. A nossa grafia precisa, então, de algo que identifique essa sílaba longa.
E se usarmos o acento agudo?

A princípio está certo, afinal está sendo sinalizado que a letra é longa. Mas o problema, é que a pronúncia fica errada para quem fala português. O leigo lerá Yóga com ó aberto. Um erro primário.

Completamos a palavra com o fonema “ga” e fechamos Yôga.

= Ga



e finalmente temos:


= Yôga



Simples, não é? Vamos nos esforçar para grafar e principalmente pronunciar de forma correta as palavras sânscritas. Recomendo o Cd de Sânscrito – Treinamento de Pronúncia gravado na própria Índia! Uma boa pronúncia significa uma boa prática. Agora chega de teoria, levante-se e vá fazer uma aula!


André Mafra



quarta-feira, 9 de julho de 2008

E o júri considera o réu...



Para algumas pessoas que conheço, um motivo de tristeza é que se sentem culpadas quando fazem algo que têm vontade.

É porque fazem algo que gostam , mas se julgam com os parâmetros de outras pessoas.

Se a vontade é tão grande e se o ato não vai machucar, nem prejudicar ninguém, será que é um problema realizá-lo?

Ouvimos muito que não se pode fazer isso, que aquilo é errado, feio, bobo, sujo ou estranho.

Eu questiono a plenitude da felicidade daqueles que ensinam isso. E mais ainda, dos que apenas atendem a essas proibições.

Não estou dizendo para nos tornarmos subversivos.

Parece-me muito importante que conheçamos as regras dos grupos nos quais estamos inseridos: família, trabalho, namoro, amigos, time, vizinho, cidade e algumas dezenas mais.

É fundamental que saibamos as regras para poder quebrá-las.

Claro.
O ideal é que, quando pudermos, escolhamos nos aproximarmos dos grupos que tenham as idéias mais simpáticas às nossas.

Mas considerando a sociedade como um todo, eu preciso analisar quais são os meus valores, o que me torna uma pessoa única e especial, diferente de todas as demais.
O que eu sou, realmente, quando desrespeito esta individualidade?

Pensando nisso, vamos cada vez mais nos conhecer e gerar uma necessidade de respeitar essa agradável pessoa que descobrimos. Depois virá o momento de confrontar a lista de vontades dessa pessoa, com a lista do que se espera dela.

A princípio, parece não haver outra saída a não ser respeitarmos o que esperam de nós ou, então, não poderemos viver em sociedade. Mentira, mentira, mentira!

O que precisamos respeitar são as pessoas, e não suas expectativas e vontades com relação a nós.

Para tanto, temos que ser honestos conosco mesmos. Às vezes, nos suprimimos para agradar alguém, nos tornando falsos e desinteressantes, pois, ao fazê-lo, é bem provável que escondamos aquilo que trouxe tal pessoa para perto de nós.

Isso é muito diferente de mudar. É lindo quando mudamos para crescer como ser humano e estas mudanças vêm de encontro com os interesses dos amigos ou da pessoa que está ao nosso lado. Mas é totalmente distinto quando nos obrigamos a algo para sermos aceitos.


Nossos relacionamentos são baseados em interesses.
Mesmo que sejam os mais puros e nobres, não deixam de ser interesses. Por exemplo, um casal: o interesse principal dela pode ser fazê-lo feliz e o interesse principal dele, fazê-la se sentir a pessoa mais querida do planeta. Outro exemplo, um grupo que visa se apoiar mutuamente para que todos cresçam como profissionais e como seres humanos. Mas sabemos que, na verdade, existem diversos interesses em todas as relações.

Será ótimo termos esta consciência, porque assim analisamos quais nossos interesses com relação a determinada pessoa ou grupo e quais os deles para conosco. E então iniciamos uma troca, que deve acontecer de forma espontânea, sincera e feliz.

O importante é sabermos que não devemos nos violentar ou nos censurar por algo que não seja nosso.

O mundo urge por espontaneidade e sinceridade. A massa das pessoas coloca uma máscara densa e irremovível para os relacionamentos cotidianos.

Note que as pessoas mais admiradas e queridas são as que respeitam suas próprias vontades sem reprimi-las. Elas são mais felizes e andam livremente em situações e momentos nos quais outros se sentiriam desconfortáveis e deslocados. São pessoas mais decididas, mais plenas e em maior sintonia com sua essência. Por isso, às vezes, chocam alguns mais conservadores e até parecem ofender àqueles que não se permitem tais liberdades.

Mas o fato é que pessoas sinceras com elas mesmas encantam a todos ao seu redor sem ao menos esperar isso, pois exalam uma felicidade, uma liberdade, um carinho pela vida de forma admirável, contagiante e envolvente. São pessoas que perceberam que quem tenta agradar a todos não agrada ninguém e aqueles que agradam a si mesmos atraem pessoas na mesma sintonia.

Agradar a si mesmo é muito diferente de ser egoísta. É saber que cada indivíduo no universo é único e devemos nos deliciar com estas diferenças. É buscar, nos pontos mais profundos, quais suas intenções, quais as contribuições que tem a fazer aos que estão à sua volta. É valorizar o tesouro que todos temos internamente.

Entretanto, muito mais simples que buscar, é simplesmente permitir que isso brote naturalmente, deixando de podar e inibir nossas belezas, nossas exclusividades.

Quando alcançar tal feito, você poderá realizar suas vontades sem se ficar culpando, ou se martirizando por ter feito algo que deveria ter lhe dado prazer. E, ao mesmo tempo, vai deixar de fazer aquilo que lhe traria uma sensação de erro, mesmo parecendo interessante.

Se perguntar a essas pessoas o que fazem para serem tão espontâneas, uma resposta comum entre elas será um sorriso, como o de uma criança fazendo algo que ama.

Comece explorando suas diferenças mais discretas e aos poucos vá testando quão longe pode ir.

Lembre-se que um processo autêntico, duradouro e assimilável não deve ser agressivo.
Respeite seu ritmo e o das pessoas à sua volta.

Toda mudança, assim como todo aumento de velocidade, traz alguma resistência, seja das pessoas ao seu redor ou de dentro para fora. É o natural.

Realizando este processo de forma prazerosa, você vai ganhando maturidade para lidar com seu aumento de liberdade e, ao mesmo tempo, adquire flexibilidade para mostrar às pessoas que você é uma pessoa diferente do que era antes, sem ofendê-las.

Pessoas que se respeitam tornam-se únicas. Pessoas únicas tornam-se especiais. E pessoas especiais tornam o mundo mais bonito.

É simples, é biológico.
Complicado e agressivo é ficar segurando lá dentro o que realmente somos.


Thiago Duarte



terça-feira, 8 de julho de 2008

Respiração e emoção



Um corpo saudável e forte necessita de alguns cuidados. Há um tripé fundamental para uma saúde significativa e uma qualidade de vida razoável: boa alimentação, atividade física moderada e felicidade.

Hoje vamos trabalhar com a alimentação. Mas o nosso assunto não é respiração? Pois bem, o corpo humano é alimentado de energia biológica que, no Yôga, chamamos de prána. Essa bioenergia é que movimenta. Um indivíduo com uma quantidade significativa de prána terá uma boa saúde, será ativo, realizador e aproveitará a vida numa dimensão superior.

Nós retiramos a bioenergia, prána, do sol, dos alimentos, da água e do ar.

Portanto, boa alimentação, do ponto de vista de Yôga, significa ingerir alimentos bons para o organismo, beber água em quantidade e qualidade excelentes e respirar ar puro e de forma que o organismo possa maximizar a absorção de bioenergia. A qualidade do ar não está ao nosso alcance imediato, pois a vida das grandes metrópoles implica numa certa dose de poluição do ar. Entretanto, a respiração adequada de forma a absorver a maior quantidade de bioenergia está disponível para qualquer um. São as técnicas respiratórias do Yôga que chamamos de pránáyáma. Ao quebramos a palavra, temos prána cujo significado é alento, força vital, energia, vitalidade; e áyáma cujo significado é expansão, intensidade. Ou seja, pránáyáma é a expansão da bioenergia através de técnicas respiratórias.

Por outro lado, a respiração é um processo consciente e inconsciente ao mesmo tempo. Respiramos vinte e quatro horas por dia sem que percebamos, porém podemos influir no ritmo respiratório. Portanto, a respiração é um elo de ligação entre as funções conscientes e inconscientes do ser humano.

Cada estado emocional possui um ritmo respiratório característico. Se estivermos dormindo, a respiração é abdominal e lenta. Se estivermos agitados, estressados, a respiração é superficial e torácica. Se estivermos em estado de vigília, a respiração tenderá a ser completa. Nesses estados emocionais, o ritmo respiratório é ajustado inconscientemente.

Certas características da personalidade humana manifesta-se também na respiração. Pessoas tímidas ou medrosas tendem a ter uma respiração superficial. Elas não conseguem expor-se ao ambiente e interagir com ele de forma ampla. Ou seja, há um padrão normal de respiração para cada indivíduo dependendo das características pessoais.

Toda a tensão emocional é materializada, no plano físico, com uma contração muscular. Estados duradouros de tensão emocional refletem-se em estados duradouros de contração muscular. Reich denominou esse fenômeno de couraça do caráter. Quanto maior a tensão emocional, maior é a couraça do caráter e mais superficial será a respiração. Entretanto, os efeitos da emoção na respiração podem-se notar, de maneira mais intensa, por ocasião de um fato especial. O encontro, por exemplo, com uma grande paixão. O coração acelera, o rosto esquenta, as mãos e os pés gelam e a respiração fica acelerada. Características semelhantes acontecem com um grande susto ou uma situação muito estressante.

Os estados emocionais afetam a respiração e o contrário também é verdadeiro: a respiração afeta as emoções. Essa é uma chave fundamental. Se a timidez leva à uma respiração superficial e eu desejo vencer a timidez, posso utilizar uma respiração profunda. Portanto, uma das maneiras de administrar as emoções é a utilização de técnicas respiratórias.

Se as emoções se processam a nível inconsciente e provocam uma respiração determinada, a respiração consciente em determinado ritmo, leva a estados emocionais compatíveis. Entretanto, a respiração afeta não só as emoções, mas também os estados mentais. O fluxo do pensamento é determinado também pelo fluxo respiratório. Ou seja, respirar corretamente produz diversos efeitos: há aumento significativo da bioenergia; as emoções são facilmente administradas; e a mente fica serena.

O Yôga possui as retenções com ar e sem ar. Se as emoções e a mente são vinculadas ao fluxo respiratório, se pararmos de respirar temporariamente, nas retenções com ar ou sem ar, o fluxo das emoções e do pensamento também páram. Quando isso acontece, estados superiores de consciência manifestam-se. São os respiratórios do Yôga (pránáyámas) que trabalham ritmo com retenções com ar e sem ar.

Outro respiratório muito utilizado no Yôga é a respiração do sopro rápido que leva a uma hiper-oxigenação do sangue. Quando bombeamos muito oxigênio no sangue, há oxigênio nos músculos. Com isso, há uma descontração generalizada. Se as tensões emocionais levam a contrações musculares, a hiper-oxigenação leva ao relaxamento generalizado dos músculos e, como conseqüência, relaxamento das tensões emocionais.

As técnicas que aumentam a taxa de oxigênio no sangue também estimulam a kundaliní e os chakras, pois aumentam a energia biológica. Com o estímulo dos chakras o indivíduo adquire saúde excelente e desenvolve os poderes interiores. Com o estímulo da kundaliní, o indivíduo atinge estados superiores de consciência e o conhecimento completo de si mesmo e da natureza.

Veja que tanto as técnicas que aumentam significativamente o oxigênio do sangue, bem como os respiratórios ritmados com retenções com ar ou sem ar são úteis para o ser humano. Para utilizar de maneira eficaz, o praticante deverá procurar um instrutor de Yôga formado para trabalhar os dois elementos de forma segura e eficaz. Isso por que, as grandes retenções com ar e, mesmo as não tão longas retenções sem ar, reduzem significativamente o oxigênio do sangue. Se isso não for bem dosado, poderá provocar conseqüências não agradáveis. Portanto, não se aventure por conta e risco, se não estiver seguro do que está fazendo. Nessa matéria, somente ensinaremos técnicas seguras.

Os resultados aparecem de imediato? Quando você faz uma prática de respiratórios e faz respirações profundas, você altera os estados emocionais e mentais. É só parar de fazer o respiratório (pránáyáma) e a respiração volta a ser a mesma. A razão é simples: se você respirou de forma incorreta por vinte e dois anos, não é em uma prática que esse ritmo é restabelecido. Mas o caminho é esse. Você respira bem durante a prática. Com a repetição da prática, aos poucos, a sua respiração correta cada vez mais passa a fazer parte da sua vida. É bom frisar que não há magia. O resultado depende da prática constante, contínua e freqüente.

Para o desenvolvimento adequado das técnicas respiratórias, o correto é você encontrar um instrutor de Yôga formado. Porém, há técnicas simples que podem ser executadas sem qualquer risco e excelentes resultados.

O livro Faça Yôga Antes que Você Precise do Mestre DeRose, internacionalmente reconhecido por ter resgatado o Yôga Antigo do inconsciente coletivo, relaciona cinqüenta e oito técnicas respiratórias diferentes. Entre elas temos respiratórios para ativar os chakras e a kundaliní. Esses respiratórios são para praticantes avançados.

Uma técnica simples, porém muito eficiente, é a respiração completa. Conhecido como rája pránáyáma. Sente-se numa posição firme e confortável. Inspire projetando o abdômen para fora, continue inspirando expandindo as constelas para os lados e dilatando a parte mais alta do tórax. Retenha o ar nos pulmões por alguns instantes. Expire soltando a parte alta, depois a média e finalmente a parte baixa dos pulmões. Faça essa respiração por dez minutos e vá aumentado o tempo aos poucos. Qualquer técnica respiratória tem de ser gostosa. Não pode produzir cansaço nem desconforto. A face deve manter-se serena e os batimentos cardíacos não podem acelerar.

Outra técnica interessante é executar o respiratório ritmado enquanto caminha. Você inspira em quatro passos. Retém o ar nos pulmões cheios por quatro passos. Expira nos outros quatro passos. Repita o ciclo enquanto caminha. Você pode ajustar o ritmo ao seu organismo. Se quatro for algo que leve ao desconforto ou falta de ar, você inspira em três passos, retém em três e expira em três. Ou seja, você pode aumentar ou diminuir o tempo de acordo com o seu ritmo biológico. Não poderá haver cansaço, falta de ar ou desconforto. Lembre-se sempre de respeitar o seu corpo. Não o agrida.

O antara kúmbhaka é um excelente respiratório. Sentado numa posição firme e confortável, você inspira expandindo o abdômen, as costelas e o alto do tórax em quatro segundos. Retém com os pulmões cheios contando oito segundos. Expira primeiro a parte alta, depois a média e finalmente a baixa em quatro segundos. É o respiratório ritmado. A proporção aqui ensinada é 1:2:1 (inspiração:retenção com ar:expiração), ou seja, o tempo de retenção com ar é o dobro da inspiração e o tempo da expiração é igual ao da inspiração. Outro ritmo interessante, porém mais avançado, é 1:4:2. Nesse caso, a retenção com ar é quatro vezes o tempo da inspiração e a expiração é o dobro do tempo da inspiração. Assim, por exemplo, se você inspira em quatro segundos, a retenção com ar é em dezesseis segundos e a expiração é em oito segundos. Nessa técnica, não há retenção sem ar. As retenções sem ar não devem ser feitas, sem o acompanhamento de um instrutor de Yôga formado.

O ritmo na respiração produz efeitos fantásticos. Um ritmo suave, cadenciado e fluido deixará as suas emoções e a sua mente, suave, cadenciada e fluida. A respiração ritmada detona qualquer estresse. Porém, o ritmo deve ser suave. Não deverá haver ruído e a respiração deverá ser, nesses casos acima, sempre nasais. Ou seja, o ritmo deve ser suave como uma pluma solta ao vento. Não poderá haver cansaço, transpiração, aceleração cardíaca ou desconforto. Qualquer desses sinais significa que você está exagerando na prática. Reduza o tempo de prática ou o ritmo dos respiratórios.

Além dos ritmos aqui ensinados, temos vários outros. Há as contrações de glândulas e plexos - os bandhas, as mentalizações e as canalizações energéticas. Para isso, faz-se necessária a bibliografia especializada. Uma excelente possibilidade é a prática orientada por CD. Há a Prática Básica do Mestre DeRose que ensina os fundamentos de dezesseis respiratórios diferentes.

O livro Pránáyáma do André Van Lysebeth, Presidente da Federação Belga de Yôga, é também um livro recomendado.


Clélio Berti