Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



quinta-feira, 13 de maio de 2010

COMO SE ORIGINA E FUNCIONA UM PARADIGMA





Uma vez, um grupo de cientistas escolheu alguns macacos em cativeiro para uma experiência. Em cima da jaula colocaram um cacho de bananas, de forma a que se os macacos trepassem pelas barras, chegariam facilmente ao local onde estavam as bananas. Para os macacos parecia simples ceder à tentação. Contudo, cada vez que um deles tocava uma banana, os que estavam no solo apanhavam um choque eléctrico. Perante essa reacção tão desagradável, os próprios macacos começaram a controlar-se entre si, impedindo que qualquer guloso trepasse para roubar as bananas. Se algum se aventurava, os demais traziam-no à força novamente para o chão. Passado um certo tempo, os cientistas retiraram um dos macacos e incluíram no grupo um novo macaco que desconhecia esse comportamento “anti-bananas”. Quando tentou trepar para as frutas, foi repreendido de imediato pelo grupo e assim aprendeu as regras, mesmo desconhecendo a causa original. Mais tarde, todos os macacos que tinham estado os primeiros dias naquela jaula foram sendo retirados um a um, e um a um também foram ingressando novos integrantes. Chegou a um momento em que nenhum dos macacos enclausurados nessa gaiola conhecia a razão pela qual as bananas eram “mal vistas”; no entanto, todos se comportavam seguindo o exemplo dos antigos habitantes da jaula.
 
Esta história (*) contada de memória, já que a escutei alguma vez de alguém, tem aqui como único objectivo ilustrar a forma como são originados certos comportamentos que nós próprios, seres humanos, adquirimos tal qual estos símios e repetimos mecanicamente sem nos determos a analisar os porquês. E o que é mais grave, ensinamos a quem nos sucede como se fossem a única realidade. Mas, e se, com o tempo, ir buscar bananas já não provocasse descargas eléctricas ao resto do grupo? Ou se se descobrisse uma forma de evitar as descargas sem ter que se abster das bananas? Estas questões nunca serão resolvidas se repetirmos mecanicamente paradigmas adquiridos, sem repensar se são válidos ou não para a nossa existência. 
(*) A fonte, segundo Adrián Paenza, é De banaan wordt bespreekbaar, de Tom Pauka e Rein Zunderdorp, Nijgh en van Ditmar, 1988.

Tradução: Sonia Monteiro