Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



terça-feira, 30 de junho de 2009

O alívio imediota





O sonho de ganhar a sorte grande. A miraculosa dieta de sete dias. A palestra motivacional. Há algo em comum nestas três idéias; eu o chamo de alívio imediota.

Alívio imediota é aquela prática hedionda que utilizamos quando tentamos aplicar uma solução fácil para um problema complexo. É a crença que nos faz pensar que somos muito espertos e que não precisamos de esforços disciplinados para alcançar um grande objetivo. Basta ter aquela “grande sacada”.

A questão é que a tal grande sacada muitas vezes (ou quase sempre) nos leva a uma solução paliativa que apenas oculta a verdadeira causa, fazendo com que o problema volte a aparecer com maior intensidade noutro momento. Peter Senge, especialista em aprendizagem organizacional, chamou a este comportamento de “consertos que estragam”. Como exemplo, ele cita a prática de colocar uma moeda no lugar do fusível para religar a energia elétrica. Da próxima vez que ocorrer um pico de energia, compreenderemos porque Senge chamou a esse comportamento de “consertos que estragam”...

A prática do alívio imediota destrói as finanças, a saúde e a vida de bilhões de pessoas no mundo todo.

Milhares permanecem na miséria, mas continuam alimentando a esperança de ganhar a sorte grande ao invés de confrontar sua verdadeira ignorância financeira e refletir sobre seu comportamento de consumo. Curiosamente, boa parte dos ganhadores da loteria perdem toda a sua fortuna justamente por não saber lidar com dinheiro.

Há aqueles que acreditam que uma dieta miraculosa, um remédio ou uma cirurgia irá resolver para sempre o seu problema de obesidade; vão empurrando com a barriga uma necessária reeducação alimentar, até que sua saúde seja totalmente corrompida por recursos químicos e agressivas intervenções cirúrgicas.

Nas empresas, anualmente, são gastos bilhares de dólares em palestras e eventos motivacionais. Dinheiro posto fora, pois o “Viagra motivacional” tem um efeito fugaz - só disfarça a real falta de propósito que impera no universo corporativo. Após algumas semanas (ou dias!) o efeito passa, tornando ainda mais forte a desmotivação e a descrença dos colaboradores.

E por que esse fenômeno preocupa? Porque somos brasileiros e em nosso país recebemos pós-graduação na ciência do alívio imediota. O famoso “jeitinho brasileiro” nada mais é do que a institucionalização desta prática, fazendo com que o povo teime em desperdiçar tempo na eterna busca pelo caminho mais fácil em detrimento de um saudável e necessário amadurecimento ético e comportamental. Devemos aceitar que fazer uma bomba com um cadarço puído, um clipe retorcido e um pote de Pomada Minancora somente era possível nos episódios do MacGyiver. Na vida real, nós, brasileiros, precisamos de menos jeitinho e de mais disciplina, pois nossa criatividade não suplanta a inovação global.

E por falar em global, sinto informar que o alívio imediota não é um patrimônio exclusivamente tupiniquim. A população mundial também está cada vez mais imediotista, buscando a felicidade em drágeas sem querer pagar o preço do desenvolvimento pessoal. É como cantava Evandro Mesquita numa das músicas da banda Blitz: todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer!


Ricardo Mallet


quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Quanto é Preciso Agradecer





Acabo de ler o livro Quando é Preciso Ser Forte, do DeRose, autor com mais de um milhão  de livros vendidos, Notório Saber em Yôga e profundo conhecedor daquilo que ensina. Enquanto devorava cada uma das páginas, era tomada por lembranças da minha própria vida cuja trajetória, em um determinado momento, cruzou-se com a dele.

A minha história não é cheia de aventuras nem descobertas, nem mudou para sempre o rumo de tantas coisas. Não vivi inúmeras experiências que valessem tantas páginas escritas, nem viajei o mundo como ele o fez e o único homem notável que conheci até hoje foi o próprio DeRose. No entanto, o que escrevo ilustra a abrangência de uma obra que chegou até mim e na vida de milhares de pessoas pelo mundo afora graças ao poder de realização e força de vontade de um único homem.

Tento buscar na memória quando foi a primeira vez que o vi. A sensação é a de que nos conhecemos há muito tempo, mais do que minha idade poderia comportar. Sei que minha mãe abriu o seu primeiro Núcleo de Yôga em 1981, numa pequena cidade de origem italiana, no interior do Rio Grande do Sul, data em que eu contava com cinco anos de idade e minha irmã completava nove aninhos. Éramos pequenas e aquilo tudo que estava acontecendo ao nosso redor foi assimilado como brincadeira de criança: fácil e prazeroso.

Minha mãe, Cleyde, abraçou com entusiasmo aquela filosofia que florescia no início da década de 80, como fruto de um trabalho árduo do DeRose nos 20 anos anteriores. Antes disso, ele vivia apenas no Rio de Janeiro, onde gostaria de ter vivido de forma pacata, acompanhando o nascer e o pôr-do-sol da cidade maravilhosa. Porém, foram tantos os infortúnios que a única forma dele sobreviver ensinando o Yôga Antigo foi expandindo-o para outros Estados do país e, depois, para outros países. Foi nessa guinada que nos conhecemos.

Comecei a ouvir seus ensinamentos a partir de minha mãe que seguidamente, para me contar algo, citava o seu nome. Ela o chamava carinhosamente “De” e assim me referi a ele até entender que o que me ensinava era digno de um grande Mestre.

Entendi, desde cedo, conceitos básicos do Yôga tais como karma, egrégora, chakras, meditação, kundaliní e muitos outros dessa filosofia. Fui crescendo e aprendendo sobre o meu corpo como ninguém nunca havia me ensinado na Escola e aquilo era metabolizado por mim de forma tão biológica que nem percebia o quanto aprendia com isso.

Com seis anos de idade iniciei um Yôga para crianças, adaptado. Hoje é sabido que deve ser praticado somente na idade adulta. Naquele tempo, a garotada freqüentava as aulas. Tenho só boas lembranças da minha professora e do ambiente aconchegante. O Núcleo Vishnu foi instalado no último andar de um prédio no centro de Caxias do Sul, numa rua movimentada, seguindo os mesmos passos do DeRose que abrira sua primeira sala no 33° andar do mais alto edifico de Copacabana da época, idos de 1964. O lugar era inspirador e gostava muito de ficar na frente do fogão à lenha esperando o pinhão cozinhar ou a água chiar para o chimarrão, olhando para as inúmeras janelas que circundavam todo o andar. Lembro até de ir conhecer a sala vazia com a minha mãe, antes mesmo de ela se instalar por lá.

Em um único ambiente ficava a secretaria, o fogão à lenha, uma rede, um tapete no chão e várias almofadas para os alunos ficarem jogados, literalmente. Não é difícil constatar que a decoração era precária e os resquícios dos anos 70s era visível. Na sala de prática, um enorme painel ao fundo com a paisagem de um caminho circundado por árvores outonais (muito parecido com a imagem de capa do livro que me inspirou escrever esse texto); nas paredes laterais, janelas e cortinas; na frente da sala, espelhos e, no chão, um carpete alto, verde, para dar a idéia de que estávamos realmente em meio a um bosque.

Adorava a aula e lembro risonhamente de que como era engraçado e divertido fazer os ásanas, as técnicas corporais do Yôga, em especial o simhásana, que para mim assemelhava-se a fazer caretas. Tenho uma vaga lembrança dos respiratórios e do início da prática. Depois, deitávamos para uma gostosa descontração, cuja vivência nos conduzia a diversas sensações. Minha querida professora, em uma determinada aula, utilizou como metáfora a imagem de uma maçã que saborosamente era degustada por nós. O engraçado é que fui além da imaginação e passei a mastigar, lentamente, o ar!

Acompanhei as mudanças rápidas da Uni-Yôga, organização criada em 1975. Esta instituição passou a congregar dezenas de escolas de Yôga espalhadas pelo Brasil e logo percebeu que as escolas deveriam ser instaladas em casas e não mais em salas comerciais, muito menos em coberturas! Acredito que todos aqueles que contribuíram para que o DeRose desistisse de lecionar ajudaram-no a criar raízes fortes e a mudar o rumo das coisas, sempre que fosse preciso.

Minha mãe tinha fechado o Núcleo no final dos anos 80 porque a visitação era insuficiente para mantê-lo aberto. Em meados dos anos 90 abriu outro espaço, agora numa casa muito bem decorada, na mesma rua em que abrira o anterior, porém em outro bairro. Também lá fiz aulas, agora já adolescente.

Naquele tempo, os cursos de Extensão Universitária para revisão e aprofundamento da matéria eram organizados num final de semana inteiro. Começava sábado pela manhã e terminava na segunda-feira com o Colóquio sobre Formação Profissional. Participei de uma dessas maratonas, por ocasião da vinda do DeRose a Caxias. Sentei numa cadeira mais ao fundo e mergulhei para dentro de cada uma das palavras que ele proferia. A voz era grave, forte e o que dizia era tão claro que a minha atenção não desviava dele em nenhum momento. Foi quando, pela primeira vez, pensei em ensinar o que ele ensinava.

Anos depois, minha irmã Janaína tornou-se também instrutora de SwáSthya e passou a dirigir a Escola que antes havia sido de minha mãe. Hoje, é minha aluna e segue outra profissão.

Passada mais uma década, em 2001, já adulta e morando em Porto Alegre, fui convidada a dirigir uma escola de Yôga, a Unidade Rio Branco, muito pelo incentivo que o DeRose me deu, pois sempre dizia que teria sucesso. Quase não tive obstáculos comparados à história de vida dele. Estudava letras e sonhava em ser escritora. Meu pai me apoiou integralmente e abandonei tudo para me dedicar ao novo trabalho. Ao final do primeiro mês contava com trinta alunos, as despesas pagas e com lucro! Depois de um tempo, compramos a escola e a casa. Estamos em expansão e sinto prazer ao acordar todos os dias e fazer o que mais gosto: ensinar aos outros a serem pessoas melhores, mais conscientes e mais lúcidas.

Em 2005, minha mãe, que foi o primeiro elo com todo esse universo, passou para outros planos. Guardo, com ternura, sua lembrança na minha vida. Ela deixou um nobre legado, uma semente do SwáSthya que ainda germina na minha cidade Natal, a expansão dessa Cultura por mim em Porto Alegre, grandes amizades e um ideal de vida.

Lendo o livro, pude rever o quanto a minha profissão é possível graças trabalho do incansável DeRose. Posso dizer até, sem exageros, mas com uma pontada de tristeza, que a história dele amenizou os infortúnios que eu poderia ter vivido. Por isso, enquanto ele precisou ser forte, eu só preciso agradecer a ele, todos os dias, por ter desbravado o caminho que hoje trilhamos.


Naiana Ramos Alberti


terça-feira, 16 de junho de 2009

Instrutores do Método DeRose investem em aprimoramento





No último domingo 25 instrutores do Método DeRose participaram de um curso de Redação com o professor JB Oliveira. O curso teve início às 9h e foi até às 18 h.
No chamado "dia de descanso" pudemos usufruir de uma aula animada, dinâmica e divertida e relembrar algumas regras gramaticais, atualizar-se no novo acordo ortográfico e colocar em prática os conceitos da redação.
Abaixo os textos que foram produzidos pelos grupos.


Dinâmica 1

Como o Yôga funciona? – Vivi, Gabis, Nina, Patrícia, De Nardi, Tati, Renata, Che e Marina
Quando se fala de Yôga, o conceito que vem à mente das pessoas em geral é equivocado. A culpa não é nossa.
Durante milhares de anos essa filosofia foi modificada. Em um momento, pelas invasões sofridas em seu país de origem, a Índia. Em outro por modismos, influências culturais e mudanças históricas.
Pense o seguinte: há mais de cinco mil anos, quando o Yôga surgiu, não existia a preocupação de como ele funcionava. Por que se preocupar com isto hoje? O Yôga é uma filosofia de vida prática.
Este tipo de questionamento só nos faz desviar do propósito original. O Yôga é Yôga! Se funciona ou não, somente a experiência de cada poderá dizer.

Por que o Yôga? – Marina, Elvis, Luis Gustavo, Fernanda, Djalma, Vinicius, Patrícia e Marina
Existe uma tendência natural do ser humano pela busca do aprimoramento e evolução. A civilização evolui em diversos aspectos: social, cultural, econômico, profissional e científico. No entanto, pouca importância é dada para o desenvolvimento pessoal.
O Método DeRose contempla o bom relacionamento entre as pessoas, delas com outros seres e a natureza. Através de uma cultura milenar que utiliza técnicas e conceitos promovendo o aperfeiçoamento multilateral daquelas que adotam tal estilo de vida.

O que é o Yôga? – Rosana, Ana Paula, Will, Dantas, Gi Setti, Dani Borges, Nilzo e Gi Correa
O Yôga é um termo sânscrito que significa união.
A definição mais aceita mundialmente diz que: “Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi (autoconhecimento)”.
Esta frase foi lapidada pelo Mestre DeROse no século passado.
O Yôga é uma filosofia prática, da Índia antiga, que compreende técnicas orgânicas, respiratórias, concentração e meditação, entre outras. Essas técnicas conduzem a um estilo de vida mais saudável.
Atualmente, o Yôga tem sido procurado por pessoas jovens, dinâmicas, desportista, artistas, que buscam o que há de melhor para si.
Curiosamente, devido ao mau uso do termo, nós, representantes do Método DeRose, evitamos a utilização da palavra Yôga.


Dinâmica 2

Desenvolver texto Narrativo sobre Descrição – Grupo 1: Dantas, Will, Ana Paula, Daniel Borges, Nilzo, Gisele Setti e Gisele Correa
Uma tarde com um aluno brilhante
Há dez anos ministro curso de formação profissional para instrutores do Método DeRose.
Certa vez, em uma dessas classes, um dos meus alunos mais aplicados, Daniel De Nardi, indagou-me: “Professor Nilzo, como faço para descrever no meu blog minha viagem para Nova York?”. Aproveitei a oportunidade para esclarecer a toda a turma como elaborar um texto descritivo: “Queridos alunos, um texto descritivo, como o nome sugere, deve ter o cuidado de descrever e transmitir características, qualidade e impressões sobre algo. Naquele instante os olhos de De Nardi brilharam. Em questão de segundos tive a impressão de que ele se transportará para um musical da Broadway, talvez Chicago. Estava certo.
Então perguntou-me: “Para descrever a experiência que tive naquela noite tenho que falar do teatro, da comida, das músicas que não saem da minha mente, e das dançarinas?”.
Aquele comentário me deixou satisfeito e pensei: “Que aluno brilhante!”. Aproveitei para complementar que se ele incluísse emoções às suas palavras ele levaria o mesmo sentimento vivido por ele aos leitores do seu blog.
Entusiasmado como sempre, ali mesmo, começou a escrever e nunca mais parou.

Redigir um texto descritivo sobre Narração – Grupo 2: Virginia, Gabriel, Nina, Patrícia, Renata, Tati, Daniel De Nardi e Cherrine
A narração foi uma das primeiras formas que o homem encontrou para transmitir suas ideias. Uma vez não tendo conhecimento da escrita, usou o ato de narrar para comunicar verbalmente o que sentia, observava ou vivenciava dentro de uma história real ou imaginária.
Com o advento da escrita, a narração tornou-se uma forma de redação. A partir da Odisséia de Homero – a primeira obra literária do Ocidente – os escritos descobriram que contar uma história é a forma mais envolvente de transmitir às pessoas a sua mensagem.
Narrar é uma forma de comunicar-se com o mundo utilizando a escrita ou a verbalização. É imortalizar uma história, é compartilhar experiências, é tornar o mundo imaginário ainda mais real.

Produzir um texto Dissertativo sobre Comunicação escrita – Grupo 3: Marina, Elvis, Djalma, Fernanda, Vinicius, Patrícia e Marina Engler
Todo conhecimento é corruptível. Onde há interpretação pode haver equívoco.
Toda e qualquer forma de comunicação é passível de deturpação, entretanto, a escrita é a que gera registros mais fieis aos conceitos, ideias e valores.
Ao longo da história, muitos pensadores e filósofos não registraram seus conhecimentos, transmitidos através da interpretação de seus seguidores. Sócrates, Jesus e até mesmo Shiva*, certamente não imaginaram que fragmentos de suas idéias gerariam tantos conflitos, seitas, religiões e guerras.
Tal é a força da palavra escrita, que durante o período mais obscuro da história da humanidade, a idade das trevas, os livros eram considerados heréticos e queimados em praça pública, ou enclausurados pelos detentores do poder.
Escrever é uma forma efetiva de contribuir com a evolução da humanidade. Idéias registradas conquistam a imortalidade!
* Shiva: nome atribuído ao criador mitológico do Yôga.


Daniel De Nardi



quinta-feira, 11 de junho de 2009

Poema inspirado num dos graus de dhyána.



Cobrirás o teu corpo
com o maior silêncio
— aquele que se parece
com os mantos de inverno —.
Então obstruirás
— só por um momento —
aquelas sete portas
por onde o mundo entra.
Atravessa sem medo
as primeiras entradas
como se fosses mundo
penetrando em ti mesmo.
Deixa atrás os sons
melódicos ou rítmicos,
deixa atrás o sussurro
do ar em labirintos.
Ao chegar ao murmúrio
constante do sangue
cruzá-lo com cautela
como a um rio em degelo.
E quando alcançares
o almejado espaço
despirás os ruídos
pois não terão mais causa.
Já não se escutarão
os órgãos vivendo
nem as unhas que crescem
ou a mente pensando.
Serão outros sons
e os verás de perto:
um silêncio estrondoso
embaçado por grilos,
caracóis marinhos
rodeando os teus ouvidos,
a música do Sol
que se infiltra nos poros,
fazendo, germinando,
fabricando a vida.
Este poema obteve o terceiro lugar no I Concurso de poesia do São Pedro da Serra, Nova Friburgo, 2007.
Anahí Flores
Tradução do original em espanhol: Sonia Monteiro
Foto: Atlántico desde Portugal (Anahí Flores)


quarta-feira, 10 de junho de 2009

Faça!





Pense, respire, pondere, respire, repense, pondere, mas não se esqueça do mais importante: Faça!

Desejos e sonhos sem ação tornam-se frustrações. Sem medo, descontraia e faça. Tudo começa num desejo, estende-se em um ou mil pensamentos, mas “se” e “te” realiza somente a partir da ação.

Vicie-se em fazer. Transforme a semente do desejo em uma realidade exposta sem medo de errar, pois esse não é um defeito, e sim privilégio dos que fazem. Comece com pequenas ações, propondo-se disciplina, como por exemplo: vou escrever todos os dias e realmente escrever, correr todos os dias e efetivamente o fazer, nunca mais jogar a cueca no chão do banheiro (serve sutiã no chuveiro para as mulheres), e cumprir o desafio; e que desafio!

Com o tempo você passa a acreditar ser possível o que deseja e não terá espaço para ser um sonhador frustrado. Talvez o mundo ao seu redor se modifique a partir da mudança do seu hábito, o qual está incrustado no inconsciente da maioria: o hábito de ser um sonhador.

Seja carinhoso consigo mesmo, transforme seus desejos e sonhos em realidade. Pense, respire, pondere, respire, repense, pondere, mas não esqueça: Faça!


Helton Santana


terça-feira, 9 de junho de 2009

Astêya - a terceira norma ética de Pátañjali




Não roubar. De todo o Código de Ética do Yôgin, este talvez seja interpretado pela maioria das pessoas como o mais óbvio de todos os preceitos. Afinal de contas, o roubo é sempre condenável. Em todas as leis humanas (dharma), sejam elas jurídicas, religiosas ou mesmo aquelas dos costumes, o ato de roubar não é correto. No entanto, o que o yôgin deve sempre ter em mente é o fato de que muitas vezes, na sociedade, um roubo passa despercebido, isto é, uma ação ou atitude do yôgin pode não ser interpretada como roubo pela maioria das pessoas, mas mesmo assim, está ferindo o código de ética de codificado por Pátañjali.

Não é nossa intenção nesse caso mostrar o aspecto negativo de um crime de roubo, ou de apropriação indébita, ou coisas do gênero. Isto é um tema de fácil compreensão, o qual o leitor certamente já domina, e que portanto não requer maiores explicações.

Dessa forma, consideremos neste texto outras situações que colocam o yôgin à prova e que tornam a proposta do praticante em cumprir esta etapa dos yamas e nyamas uma tarefa menos simples.

O yôgin deve sempre tomar o cuidado para não se apropriar de idéias de terceiros. E dizemos que a precaução é necessária pois apesar de ser o Yôga uma filosofia estritamente prática, é natural que os praticantes sejam também estudiosos e que dediquem boa parte de seu tempo em leituras indicadas por seus Mestres. Conhecendo-se o fato de que um mesmo texto será interpretado de diferentes formas de acordo com o estágio de evolução do yôgin, é comum o hábito de reler várias e várias vezes o mesmo livro. Ora, esses conhecimentos passarão então a ser assimilados e registrados pelo estudioso. Não é difícil que um praticante menos atento se esqueça de que essas idéias e conceitos não são originariamente seus e que mereceriam ao mínimo uma citação.

Aproveitamos para citar neste momento que tudo o que está aqui escrito foi e é baseado nos textos e aulas do Mestre DeRose, em especial ao Código de Ética do Yôgin que consta como anexo em diversas obras de sua autoria. Da mesma forma, grande parte do que está aqui exposto vem dos anos de aprendizado com a Professora Dora Santos e sua equipe, exemplos fiéis da observância do referido código.

Note o leitor que estávamos nos referindo a uma ação involuntária, mas que ainda assim compromete a observância de astêya. Daí a importância que o yôgin deve dar para cada ação de seu dia a dia e não apenas às suas práticas. Cada detalhe é importante e pode comprometer toda a evolução conquistada ao longo de anos. E é por isso que o código de ética é considerado um alicerce. O yôgin deve ter esse código de ética enraizado em seu coração, tornando mais fácil a assimilação e observância das prescrições e proscrições.

Outro caso típico de infração do princípio de astêya sem a intenção de roubar é o exercício da profissão de instrutor de Yôga sem cobrar valores justos. Esta ação é condenável em todos os setores de uma sociedade, mas é infelizmente mais comum quando estamos tratando desta nobre filosofia milenar.

Isto porque uma grande quantidade de praticantes e estudiosos ou até mesmo de curiosos, trava algum contato com a prática e repleto de boas intenções decide passar isso adiante. É uma atitude louvável, mas que deve ser realizada observando-se alguns cuidados.

Primeiramente porque aquele que assume o compromisso de passar esses conhecimentos milenares a outras pessoas tem a responsabilidade de preservar a filosofia intacta, sem deturpações, com excelência técnica e muita fundamentação teórica. Ora, isso não é tão simples. São necessários muito estudo, tempo, dedicação, horas de prática e aprimoramento constante.

Para conseguir fazer tudo isso de forma irrepreensível é essencial que a pessoa em questão dedique todo o seu tempo nessa tarefa. E quando nos referimos a todo o tempo, não estamos falando apenas do tempo livre. É imprescindível que se trabalhe única e exclusivamente com o Yôga, para não dispersar tempo e energia. E se toda a dedicação do Yôgin estiver depositada neste trabalho, ele precisa tirar daí o seu sustento e o de sua família, com a dignidade que uma verdadeira fonte de irradiação de qualidade de vida merece.

Esse yôgin dedicado estará sendo lesado se uma outra pessoa, mesmo que com boas intenções, passe a dedicar uma pequena parcela de seu tempo para dar umas aulinhas de Yôga por preços vis, ou às vezes, até de graça. É comum que engenheiros, veterinários, músicos, advogados, e outros queiram compartilhar o pouco que aprenderam sobre Yôga dando aulas e ministrando práticas. É comum, mas não é correto. A menos que todos esses profissionais mencionados troquem definitivamente de profissão e se tornem instrutores de Yôga. Caso contrário, não terão as condições necessárias para ministrar aulas de qualidade, e ainda estarão roubando o sustento de um instrutor sério que se dedique exclusivamente à essa nobre e maravilhosa profissão.

Poderíamos escrever linhas e mais linhas com exemplos de ações aparentemente inofensivas que ferem diretamente o astêya. Mas como os praticantes de SwáSthya Yôga devem desenvolver o princípio da auto-suficiência, será muito mais válido que cada um sutilize suas percepções e identifique no seu cotidiano tudo o que pode estar gerando um karma negativo.

Isto pode ser um trabalho árduo a princípio, mas assim como o Yôga Antigo, torna-se extremamente prazeroso e estimulante à medida que tornamo-nos mais conscientes de nossas ações.


Daniel Tonet


sexta-feira, 5 de junho de 2009

A evolução




Evolução, ah! a evolução… O universo está em constante evolução e, mesmo que não se queira, encontramo-nos todos envolvidos na grande teia da vida que se transforma a cada segundo. O propósito principal do nosso nascimento é o de promover essa evolução. A evolução do indivíduo, promove directamente a evolução da espécie. Na Natureza, os indivíduos mais bem dotados desta capacidade evolutiva, são aqueles que sobrevivem com maior facilidade, e por consequência, perpetuam os seus genes.

Entretanto, mudar, crescer, transformar, evoluir não é tarefa fácil, especialmente, quando se trata de nos mudarmos a nós próprios, os nossos pensamentos, os nossos condicionamentos, as nossas (re)acções. É necessário haver um comprometimento interior com a evolução pessoal. Não basta simplesmente querer. A evolução exige esforço, dedicação, ou melhor dizendo, exige disciplina e constância.

Nesse aspecto, as técnicas do nosso método irão actuar interiormente para dissolver, aos poucos, antigos condicionamentos e substitui-los por outros mais subtis, mais nobres, mais produtivos e mais saudáveis. Assim, quando você é estimulado a permanecer mais tempo numa posição, está na verdade a aprender a auto-superar-se; quando passa a respirar melhor, aprende a dar mais amplitude à sua respiração e, consequente, adquire uma maior amplitude de visão nas situações que o envolvem. Quando descontrai, aprende a manter pensamentos produtivos na sua mente e, quando medita, descobre a verdadeira dimensão da consciência.

Então, a proposta é a evolução.

E falando da evolução do Ser Humano, a melhor ferramenta é o Yôga, que tem cinco mil anos de garantia.


Alessandra Dorante


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fest-Yôga e Iron Man tudo numa mesma ilha



Tive a sorte poder frequentar no mesmo final de semana em Florianópolis dois eventos bastante motivantes: o Festival Internacional de Yôga que acontece todos os anos na Praia dos Ingleses e o Iron Man que também tem sua largada anual bem próximo dali, em Jurerê Internacional. Apesar de parecerem destoantes, estas duas modalidades se assemelham em diversos aspectos. A começar por uma disciplina ferrenha que tanto os yôgins, que se dedicam seriamente a esta filosofia, quanto os Iron mans possuem. Nos dois casos, a dedicação e o amor pelo que fazem são muitas vezes incompreendidos pelos demais mortais.

Durante a prova do Iron, meu avô, que me fazia companhia no evento, indagou “Eles não possuem patrocínio?” Poucos, menos de 10% dos 1500 atletas que se jogaram na água fria do mar naquele domingo escuro possuíam algum tipo de incentivo financeiro. Os demais são empresários, profissionais liberais, engenheiros e fazem aquilo tudo por puro life style. Também é comum as pessoas estranharem o fato de um praticante de SwáSthya Yôga seguir as orientações desta filosofia, mesmo estando integrado “ao mundo real”. Pensam que tanto os Irons quanto os yôgins não possuem profissões e que estes últimos ainda vivem isolados na montanha se alimentando de luz. Quanto estereótipo!

Mas no que mais os SwáSthya Yôgins e os Irons se assemelham é que por buscarem objetivos extremamente audaciosos visam a alta performance em tudo o que fazem. É difícil dizer se nadar 3600 metros, pedalar 180 km e depois de tudo isto ainda correr os 42km de uma maratona é mais difícil de se alcançar que a meta da filosofia indiana, um estado de consciência denominado samádhi e que representa a hiperconsciência ou mega lucidez.

O que podemos aprender com estes dois estilos de vida é que para se alcançar qualquer grande objetivo em nossas vidas, precisamos manter uma prática enérgica e cultivá-la por um longo período de tempo, sem interrupção e com profunda dedicação e também é necessário subjugar a compulsão pelas dispersões, que certamente aparecerão para nos tirarem do caminho.



Daniel De Nardi


terça-feira, 2 de junho de 2009

Heart Hunters



Tenho feito com bastante frequência a prática de intronáutica do CD Desenvolva a Sua Mente.

Adaptei essa vivência ao meu cotidiando a ponto de já estar assimilada. Uso o momento de trânsito de uma aula para a outra no período da manhã para realizar esta prática.

É bom demais. Já cedo, tenho a oportunidade de realizar ao mesmo tempo: treinamento de pratyáhára, púja, o reforço das minhas metas a partir de mentalizações, um treinamento de vizualização e por fim meditação.

É interessante peceber que, a cada uma das vezes que pratico, algum aspecto diferente da gravação se evidencia. Ora uma frase soa mais importante, ora o pújá é que se intensifica, outra vez é a vivência do ásana sem corpo ou a meditação que são melhor aproveitadas.

Hoje de manhã foi um trecho a respeito do nosso posicionamento profissional que me chamou mais a atenção:

“Nossa missão como instrutores de SwáSthya Yôga não é doutrinar, nem mudar o pensamento de ninguém. Nossa missão consiste apenas em encontrar aqueles que já pensam da mesma forma e proporcionar a esses o grande presente que é saber que não estão sós, que há mais alguém no mundo que pensa da mesma forma.”

Lembrei imediatamente de um trecho do livro Yôga a sério, de que gosto muito.

“Head Hunters ou Heart Hunters

A Nossa Cultura não é doutrinária. Entendemos que as pessoas ou já estão prontas para compreender, gostar e valorizar nossas propostas ou jamais estarão. Por isso não acreditamos em catequizar. Dessa forma, posicionamo-nos como head hunters (caçadores de cabeças) ou, melhor ainda, como heart hunters (caçadores de corações). Limitamo-nos a divulgar nossa forma de pensar e agir. Quem se sintonizar com ela, se nos procurar, estaremos de braços abertos.”

É bem isso!!!!


Julia Rodrigues