Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



sexta-feira, 18 de julho de 2008

O desafio da relação Mestre-discípulo!





Apaixonei-me pelo SwáSthya Yôga devido à sensação de identificação mais forte que alguma vez tive na minha vida. Mas a paixão transformou-se em amor quando descobri a pedra basilar desta filosofia, a relação Mestre-discípulo.

Em toda a sua extensão é uma relação fascinante e enriquecedora. Leva-nos ao limite, faz-nos enfrentar todas as nossas fraquezas, não nos deixa adormecer perante a dificuldade nem estagnar numa versão mais limitada de nós próprios. É tão aliciante quanto difícil, e reside o desafio.

Existem noções mínimas e básicas em qualquer relação e mais nesta em particular. A noção de hierarquia está irremediavelmente inerente na relação Mestre-discípulo. Até pela lógica se percebe isso. Se não fosse a noção de hierarquia esta relação nem tinha começado, pois para iniciar o discípulo tem de admitir e constatar que a pessoa que escolheu tem mais conhecimentos e experiência do que ele próprio. Se à partida ele não reconhecesse que o Mestre era superior hierarquicamente, não o escolheria para o orientar.

O problema surge quando o discípulo pensa que já está ao nível do Mestre e que, portanto, já nada tem a aprender com ele. Mais uma vez, é a falta de conhecimento do sámkhya, a filosofia naturalista que sustenta o SwáSthya Yôga, e de aplicação das normas éticas, normas essas que devem reger o nosso comportamento, que levam a tal distorção da realidade. Quem tem esta ilusão regride automaticamente na senda do Yôga. Ao mesmo tempo que o discípulo evolui, talvez até a uma velocidade superior, o Mestre também evolui.

O discípulo tem a liberdade e o privilégio de escolher o seu Mestre. Este, por sua vez, tem a liberdade de não o aceitar. Daí não ser admissível e, muito menos coerente, o discípulo questionar o Mestre, porque foi ele que, em plena consciência e sabendo de todas as idiossincrasias desta relação, o escolheu.

A atitude que discípulo tem de adoptar é extremamente simples e nada tem de místico, religioso ou severo. Assim como se ama um amigo, que foi alguém escolhido por nós para nos acompanhar nesta jornada que é a vida, se deve amar o nosso Mestre. Assim como se ama um amigo, sem cobrar, exigir, enfrentar, questionar ou atraiçoar, assim se deve amar o nosso Mestre. Mais ainda, porque Mestre, na tradição do Yôga, representa caminho, orientação, exemplo, amigo, pai, companheiro.

Temos de ter ainda sempre presente que um Mestre é um ser humano, com todos os defeitos e virtudes e, como tal, tão falível como qualquer outra pessoa. Tal característica deve servir apenas para incrementar o nosso respeito e admiração por essa pessoa. Até porque o facto de termos alguém que nos encaminha e que já falhou, é uma mais valia; permite-nos a hipótese de não cair no mesmo erro, oportunidade que a vida dá a tão poucas pessoas.

Mariana Rodrigues



Um comentário:

  1. Belo texto, Mari! E que linda esta foto, que mostra nos rostos de vocês a alegria de terem feito as escolhas certas.
    Grande beijo.

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