Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



quarta-feira, 9 de julho de 2008

E o júri considera o réu...



Para algumas pessoas que conheço, um motivo de tristeza é que se sentem culpadas quando fazem algo que têm vontade.

É porque fazem algo que gostam , mas se julgam com os parâmetros de outras pessoas.

Se a vontade é tão grande e se o ato não vai machucar, nem prejudicar ninguém, será que é um problema realizá-lo?

Ouvimos muito que não se pode fazer isso, que aquilo é errado, feio, bobo, sujo ou estranho.

Eu questiono a plenitude da felicidade daqueles que ensinam isso. E mais ainda, dos que apenas atendem a essas proibições.

Não estou dizendo para nos tornarmos subversivos.

Parece-me muito importante que conheçamos as regras dos grupos nos quais estamos inseridos: família, trabalho, namoro, amigos, time, vizinho, cidade e algumas dezenas mais.

É fundamental que saibamos as regras para poder quebrá-las.

Claro.
O ideal é que, quando pudermos, escolhamos nos aproximarmos dos grupos que tenham as idéias mais simpáticas às nossas.

Mas considerando a sociedade como um todo, eu preciso analisar quais são os meus valores, o que me torna uma pessoa única e especial, diferente de todas as demais.
O que eu sou, realmente, quando desrespeito esta individualidade?

Pensando nisso, vamos cada vez mais nos conhecer e gerar uma necessidade de respeitar essa agradável pessoa que descobrimos. Depois virá o momento de confrontar a lista de vontades dessa pessoa, com a lista do que se espera dela.

A princípio, parece não haver outra saída a não ser respeitarmos o que esperam de nós ou, então, não poderemos viver em sociedade. Mentira, mentira, mentira!

O que precisamos respeitar são as pessoas, e não suas expectativas e vontades com relação a nós.

Para tanto, temos que ser honestos conosco mesmos. Às vezes, nos suprimimos para agradar alguém, nos tornando falsos e desinteressantes, pois, ao fazê-lo, é bem provável que escondamos aquilo que trouxe tal pessoa para perto de nós.

Isso é muito diferente de mudar. É lindo quando mudamos para crescer como ser humano e estas mudanças vêm de encontro com os interesses dos amigos ou da pessoa que está ao nosso lado. Mas é totalmente distinto quando nos obrigamos a algo para sermos aceitos.


Nossos relacionamentos são baseados em interesses.
Mesmo que sejam os mais puros e nobres, não deixam de ser interesses. Por exemplo, um casal: o interesse principal dela pode ser fazê-lo feliz e o interesse principal dele, fazê-la se sentir a pessoa mais querida do planeta. Outro exemplo, um grupo que visa se apoiar mutuamente para que todos cresçam como profissionais e como seres humanos. Mas sabemos que, na verdade, existem diversos interesses em todas as relações.

Será ótimo termos esta consciência, porque assim analisamos quais nossos interesses com relação a determinada pessoa ou grupo e quais os deles para conosco. E então iniciamos uma troca, que deve acontecer de forma espontânea, sincera e feliz.

O importante é sabermos que não devemos nos violentar ou nos censurar por algo que não seja nosso.

O mundo urge por espontaneidade e sinceridade. A massa das pessoas coloca uma máscara densa e irremovível para os relacionamentos cotidianos.

Note que as pessoas mais admiradas e queridas são as que respeitam suas próprias vontades sem reprimi-las. Elas são mais felizes e andam livremente em situações e momentos nos quais outros se sentiriam desconfortáveis e deslocados. São pessoas mais decididas, mais plenas e em maior sintonia com sua essência. Por isso, às vezes, chocam alguns mais conservadores e até parecem ofender àqueles que não se permitem tais liberdades.

Mas o fato é que pessoas sinceras com elas mesmas encantam a todos ao seu redor sem ao menos esperar isso, pois exalam uma felicidade, uma liberdade, um carinho pela vida de forma admirável, contagiante e envolvente. São pessoas que perceberam que quem tenta agradar a todos não agrada ninguém e aqueles que agradam a si mesmos atraem pessoas na mesma sintonia.

Agradar a si mesmo é muito diferente de ser egoísta. É saber que cada indivíduo no universo é único e devemos nos deliciar com estas diferenças. É buscar, nos pontos mais profundos, quais suas intenções, quais as contribuições que tem a fazer aos que estão à sua volta. É valorizar o tesouro que todos temos internamente.

Entretanto, muito mais simples que buscar, é simplesmente permitir que isso brote naturalmente, deixando de podar e inibir nossas belezas, nossas exclusividades.

Quando alcançar tal feito, você poderá realizar suas vontades sem se ficar culpando, ou se martirizando por ter feito algo que deveria ter lhe dado prazer. E, ao mesmo tempo, vai deixar de fazer aquilo que lhe traria uma sensação de erro, mesmo parecendo interessante.

Se perguntar a essas pessoas o que fazem para serem tão espontâneas, uma resposta comum entre elas será um sorriso, como o de uma criança fazendo algo que ama.

Comece explorando suas diferenças mais discretas e aos poucos vá testando quão longe pode ir.

Lembre-se que um processo autêntico, duradouro e assimilável não deve ser agressivo.
Respeite seu ritmo e o das pessoas à sua volta.

Toda mudança, assim como todo aumento de velocidade, traz alguma resistência, seja das pessoas ao seu redor ou de dentro para fora. É o natural.

Realizando este processo de forma prazerosa, você vai ganhando maturidade para lidar com seu aumento de liberdade e, ao mesmo tempo, adquire flexibilidade para mostrar às pessoas que você é uma pessoa diferente do que era antes, sem ofendê-las.

Pessoas que se respeitam tornam-se únicas. Pessoas únicas tornam-se especiais. E pessoas especiais tornam o mundo mais bonito.

É simples, é biológico.
Complicado e agressivo é ficar segurando lá dentro o que realmente somos.


Thiago Duarte



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