Este blog foi montado com o intuito de retratar experiências de professores de SwáSthya Yôga que dedicam suas vidas a praticar, ensinar e difundir esta fantástica filosofia de vida.



quinta-feira, 2 de abril de 2009

Em 2009, desfrute do SwáSthya





Dias desses, li uma reportagem de autoria de Dorrit Harazim que falava sobre o doping de atletas de alta perfomance. Num determinado momento, o jornalista abordou o fato de que nossa sociedade atual é convalescente devido ao uso de drogas. Segundo ele, trata-se do endosso da moral vigente à cultura do desempenho, que perpassa o nosso cotidiano em diversas áreas. Ele continua o texto dizendo que mantemos nossos idosos e enfermos aptos a continuarem sobrevivendo, que estabilizamos nossas emoções e revigoramos nosso desempenho sexual, graças ao avanço dos remédios. Após ler esse trecho, o sentimento momentâneo foi de uma tristeza profunda, pois os valores que consideramos corretos atualmente estão em total desacordo com nossa a verdadeira natureza. Sinto-me privilegiado por viver em um momento da Humanidade em que temos medicamentos e cura para quase todas as doenças e males. Porém, precisar de aditivos químicos, ou para lidar com nossas emoções ou gerar desejo sexual já é algo que considero um erro de percurso. É como a utilização errônea de uma máquina que, depois de certo tempo de mau uso, exige estimulantes que não faziam parte do projeto original.

Ao mesmo tempo em que chegava a essas constatações, senti-me uma pessoa extremamente privilegiada por ter aprendido, desde os meus 15 anos, como lidar melhor com o meu organismo, fazendo-o funcionar corretamente e, ainda, aumentando cada vez mais seu poder de produção. Aprendi com a prática do SwáSthya Yôga que toda energia extra que precisamos para viver mais, sermos mais lúcidos, mais felizes e realizados, não é algo sintético e nem deve ser inserido em nosso corpo. Essa energia que habita cada um de nós já é conhecida há milhares de anos pelos sábios yôgis e chama-se kundali (termo sânscrito de gênero feminino, que se pronuncia com a primeira sílaba tônica e a última longa). Seu despertar gera lucidez, vitalidade e autoconhecimento.

Para se atingir esse objetivo, nada melhor do que o ády ashtánga sádhana (prática fundamental integrada por oito feixes de técnicas). Começamos estabelecendo um contato com os mestres ancestrais utilizando-nos de nossas mãos e do poder da linguagem gestual, os mudrás. A partir daí, precisamos de mais energia circulando em nós e isso se consegue pela prática do pránáyáma. Para que essa energia circule de forma plena, nosso corpo físico, energético e emocional deve estar limpo, desimpedido de toxinas e de obliterações. Para tanto, temos o pújá, que nos ensina a gerar sentimentos enobrecedores; o mantra, que limpa o nosso corpo sutil; e o kriyá, que prepara o nosso físico para uma vida longa. Para desfrutar dessa longevidade é necessário músculos, tendões e articulações saudáveis, fortes e sempre aptos a trabalharem. Nesta área, a atuação é do ásana, uma técnica corporal inteligente, transformadora e que produz efeitos por uma atuação biológica, sem traumas ou impactos. Além disso, é necessário proporcionar o devido descanso ao organismo, dando-lhe um tempo de assimilação e maturação sobre tudo que foi feito anteriormente e é quando descontraímos o corpo, tranqüilizamos as emoções e a mente através do yôganidrá. E, finalmente, para se atingir um conhecimento pleno de tudo isso que somos, ou que acreditamos ser, é necessário parar tudo, até mesmo a mente, e contemplar. Tão somente isso. Assim temos samyama. De quebra, o SwáSthya ainda nos ensina como nos alimentar melhor, para que os efeitos sejam potencializados, fazendo com que o ato de se alimentar gere mais energia, ao invés de consumi-la e intoxicar o organismo. Há também pérolas de sabedoria para aprender a lidar com o universo que está ao nosso redor, com o qual você deve interagir e também ensinar. Enfim, há toda uma Cultura dentro desta filosofia.

Conclui todas estas coisas e quero compartilhar com você. Quero lhe dizer: desfrute do SwáSthya. Não deixe que seja apenas algo isolado que você pratica duas vezes por semana dentro de uma sala, com alguns colegas. Que seja algo presente em sua vida o tempo todo, algo que lhe dá vontade de viver mais e melhor. Que lhe conduza a decisões mais lúcidas e de acordo com seus valores, e por isso mesmo, que lhe trarão mais felicidade. Que o faça aprender como lidar com seu corpo, a ouvi-lo e a dialogar com ele. Que lhe ajude a descobrir onde estão suas virtudes, mas também que lhe ensine a reconhecer suas dificuldades, superando os obstáculos. Que você desenvolva a habilidade de lidar melhor com suas emoções e a espargir bons sentimentos por onde quer que vá, seja qual for a situação. Seja disciplinado, pois o Yôga deve existir para você e em você. Não para mim, nem para um amigo ou colega. O Yôga só existe quando você pratica, portanto pratique. Pratique mais, falte menos aulas, conheça mais, leia, estude. Saiba o que você está fazendo.

E assim, quando perceber que está trabalhando 12 ou mais horas por dia, passando por obstáculos com sabedoria e racionalidade, lidando com carinho e gentileza com todos que o cercam, independentemente da situação social; quando estiver sentindo seu corpo leve e bem disposto, mesmo ao final do dia sem nenhuma xícara de café ou qualquer outro estimulante; quando puder acordar sorrindo pelas escolhas que fez, e levantar disposto da cama para mais um dia de trabalho, saberá que foi a escolha certa apostar nesta Cultura que vai além de uma prática, mas que envolve uma forma de ser no mundo. Portanto, em 2009, desfrute do SwáSthya!


Lucas De Nardi


2 comentários:

  1. que lindo lucas!
    não me espanto de ter tocado neste "ponto" com meus alunos há poucos dias... afinal de contas, faz bastante tempo que Desfrutamos do SwáSthya juntos e nos conectamos atráves dele...
    um beijo, jujú.

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  2. Bahh...muito legal o texto.
    Faz um tempinho escrevi um texto intitulado "Como o SwáSthya pode tornar você uma pessoa mais feliz"...e muito do que eu escrevi está ai, mas de uma maneira diferente. Adorei!
    Parabéns

    Renatinha Andrade

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