Outro dia, observando atletas, fiquei pensando sobre como o corpo se adapta ao estilo de vida. É fácil identificar quais deles praticam o mesmo esporte, pois a postura, o andar e os músculos desenvolvidos são muito específicos.
No caso deles, esta mudança é marcante, pois usam o corpo de forma intensa. Mas como será que isso se aplica em um cotidiano rotineiro, caso da maior parte das pessoas?
Noto que o corpo também se adapta tornando mais confortáveis as tarefas que realizamos com maior intensidade, excelente para um pedreiro que trabalha carregando peso e precisa de um corpo forte, ou para um piloto de moto que requer reflexos mais rápidos. Entretanto, no caso de ficarmos somente em casa assistindo tv, grudados no computador, ou sentados com as costas curvadas o dia inteiro no trabalho, essa proteção que possuímos acaba nos prejudicando.
Isto é percebido quando se torna cada vez mais difícil andarmos com as costas eretas, quando passamos a ficar mais pesados para algo que antes fazíamos sem esforço e, para não me prolongar nesta lista infindável, quando nosso organismo se modifica para podermos comer mais e mais.
Da mesma maneira que nosso corpo está sujeito a essas transformações, também estão nossas emoções e pensamentos.
Sim, assim como vamos perdendo dia-a-dia nossa capacidade de movimentação, perdemos também nossa capacidade de viver emoções plenas e de ter idéias brilhantes, conforme nos adaptamos a uma vida sem estes encantos.
O ser humano se transforma para conquistar conforto, então, se você nunca usa pontos de vista diferentes, deixa de se encantar com eventos simples, pára de movimentar seus músculos, seu organismo passa a entender como um incômodo qualquer pensamento criativo, emoção forte ou uma simples caminhada com os amigos, atitudes contrárias às praticadas em seu cotidiano.
Apesar da reflexão, confesso que minha intenção não é produzir pânico. Estou apenas evidenciando uma ferramenta que possuímos e, como tudo no universo, que podemos escolher como iremos utilizá-la.
Assim, a partir de agora, saiba o quanto suas escolhas estão constantemente reorganizando tudo o que você é, produzindo sulcos em seu corpo, em suas emoções e pensamentos, para que tais decisões aconteçam cada vez mais espontaneamente.
Para perceber os condicionamentos de seu corpo, tente experimentar alguns movimentos ou posições que nunca fez antes. Onde o corpo mais reclamar é onde está formada uma couraça que um cotidiano monótono nos traz.
Depois façamos o mesmo com nossas emoções e pensamentos. Você verá que, a princípio, é muito difícil fazer um outro caminho para o trabalho ou enxugar o corpo após o banho de forma diferente. E é mudando estas pequenas atividades que desenvolvemos nossa capacidade de transformação. Comece assim e depois estimule eventos e coisas que vão conduzi-lo a mais felicidade, mais plenitude e mais diversão. Isto o fará notar que, sem mudar nada ao seu redor, estará em um mundo completamente belo, harmônico, totalmente aberto e receptivo às suas vontades e o mais importante: absolutamente real.
Thiago Duarte
Thi, parabéns! Este texto é muito bacana. Realmente não nos damos conta de como nossas ações mais banais, nos moldam e criam uma "carapaça"muitas vezes difícil de retirar, a não ser pelo simples fato de tomarmos consciência e agirmos para tal.
ResponderExcluirTati
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado Tati. E interessante que escolheu as palavras difícil e simples para falar dessas limitações, pois muitas vezes, nos cegamos para o que é forte, transformador e bonito justamente porque aparecem com uma vestimenta simples.
ResponderExcluirDois beijos para você.