Numa tarde, em que estávamos no escritório de DeRose, um lugar cheio de livros e com pouco espaço disponível, revíamos, confortavelmente, um livro. De alguma forma, a conversa que se ia desensenrolando derivou para a poesia. É normal que, com DeRose, as conversas se desviem quando aparece algum assunto interessante e depois retomem o rumo inicial, se este o merecer. Da poesia fomos para as lembranças pessoais, e ele recordou-se de um poema que tinha escrito há muito tempo.
Graças à música que os poemas transportam consigo, tinha ficado guardado na memória do Mestre. Porém, demorou alguns minutos para retomar a sua forma original.
Quando as palavras já se tinham organizado e eram as exactas, escreveu-o, pronunciou-o, tocou-o como um brinquedo antigo que se reencontra depois de muito tempo. Ao olhá-lo dava para sentir o carinho que ele nutria pelo poema, talvez pelo momento em que ele tinha sido escrito.
Depois, com um ar de nostalgia, comentou essas coisas que se escrevem e que ficam guardadas numa gaveta… se alguma vez publicares o teu livro de poemas, podes colocar esta poesia, uma vez que é inédita.
Claro que até ao dia de hoje eu guardo esse poema, na esperança de o conseguir editar.
Que melhor ocasião que esta para reproduzir-lo, trazendo-o à minha memória.
TRISTEZA
(poema inédito de DeRose)
Estou triste
por ter ficado triste.
Triste estou
porque a tristeza existe.
(poema inédito de DeRose)
Estou triste
por ter ficado triste.
Triste estou
porque a tristeza existe.
Anahí Flores
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